Thiago Herdy e Fernanda KrakovicsO ex-presidente Lula evitou tratar das investigações que o envolvem nas operações Lava-Jato e Zelotes, durante encontro do conselho do Instituto que leva seu nome, nesta sexta-feira, que reuniu intelectuais, ex-ministros e aliados. Segundo relatos, Lula direcionou o debate num hotel de São Paulo para a atuação da entidade em 2016 e disse que “questões relativas a ele, ele mesmo enfrenta”.
O encontro contou com a participação dos advogados Roberto Teixeira e Cristiano Zanin Martins, que advogam para o ex-presidente nas acusações que envolvem serviços prestados por um de seus filhos e imóveis que foram reformados por empreiteiras em Atibaia (SP) e no Guarujá (SP). Por isso, havia a expectativa de que os temas fossem tratados no encontro.
Segundo relatos dos presentes, Lula evitou que o tema fosse objeto de discussão e orientou para que o debate ficasse restrito ao papel que o Instituto deve exercer neste ano, em meio à crise econômica. O ex-presidente se reuniu com os advogados logo após o encontro do conselho, no mesmo hotel, em São Paulo.
SOLIDARIEDADE
De acordo com pessoas que participaram do debate, a socióloga Maria Victória Benevides fez uma intervenção em solidariedade ao ex-presidente, dizendo que ataques à sua honra eram seletivos e persecutórios, com propósitos “político-eleitorais”. Foi neste momento que Lula interveio para dizer que “questões relativas a ele, ele mesmo enfrenta”.
Um dos participantes da reunião disse que Lula tem evitado se manifestar sobre as acusações contra ele para não dar credibilidade a elas e para não aumentar a repercussão do episódio. No último dia 26, Lula pediu que a Executiva Nacional do PT não o defendesse em um texto de análise de conjuntura, divulgado após reunião do colegiado.
– Se você começar a fazer a defesa de quem não pediu, está dizendo que a pessoa precisa de defesa – afirmou um dos presentes na reunião desta sexta-feira.
Militantes do PT reclamaram, nesta quarta-feira, em redes sociais, da falta de apoio do partido na divulgação do ato de desagravo a Lula marcado para a próxima quarta-feira, na porta do Fórum da Barra Funda, em São Paulo, onde o ex-presidente deve prestar depoimento, como investigado, no inquérito que apura a compra do apartamento tríplex no Guarujá.
ENCONTRO COM ADVOGADOS
Os advogados Roberto Teixeira e Cristiano Zanin Martins, que defendem Lula, chegaram, no início da tarde, ao hotel, para participarem de parte da reunião do conselho e do encontro com o ex-presidente.
Amigo de longa data do ex-presidente, Teixeira é integrante do conselho do instituto de Lula desde sua criação. Não é o caso de Cristiano Zanin Martins, que não integra o conselho e, ultimamente, tem sido porta-voz de defesa do ex-presidente em relação às acusações.
A Lava-Jato investiga se empreiteiras investigadas na operação bancaram a reforma de um sítio usado por Lula em Atibaia e de um apartamento triplex em edifício no Guarujá, que o ex-presidente desistiu de adquirir depois que o caso veio à tona.
Por meio de sua assessoria, Lula vem argumentando que pagaria pelas reformas no triplex, se o tivesse adquirido. Ele ainda não se manifestou sobre as obras realizadas no sítio usado por ele em Atibaia. O ex-presidente vem afirmando que o sítio é de propriedade de amigos da família e que “a tentativa de associá-lo a supostos atos ilícitos tem o objetivo mal disfarçado de macular a imagem do ex-presidente”.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Agora ficou claro que a estratégia da defesa de Lula é não se defender. Ou seja, fingir que os problemas não existem e esperar para ver se caem no esquecimento, com fazem as avestruzes, ao enfiar a cabeça num buraco quando se julgam em perigo. Enquanto Lula se cala, num silêncio que representa uma confissão, avançam as quatro investigações sobre o ex-presidente – três no Ministério Pública Federal, na operação Lava Jato, e uma no Ministério Público de São Paulo, na qual ele terá de prestar depoimento na próxima quarta-feira, dia 17, sobre o escândalo do triplex. (C.N.)
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