Jornalista Andrade Junior

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Marisa Letícia inspecionou as reformas no sítio de Atibaia

Robson Bonin e Rodrigo Rangel Veja


A famosa reforma no tríplex do ex-presidente Lula no Guarujá, custeada pela empreiteira OAS, não foi a única obra vistoriada pessoalmente pela ex-primeira-dama Marisa Letícia. Investigando a troca de favores que envolve empreiteiros do petrolão e o ex-presidente Lula, o promotor Cássio Conserino, do Ministério Público de São Paulo, colheu elementos de que a reconstrução das instalações do sítio de Atibaia também foi supervisionada de perto por dona Marisa.
A informação consta de um depoimento que os investigadores mantêm em sigilo. Segundo o relato, a ex-primeira-dama cobrava celeridade nas obras de reforma do sítio. No início, o responsável pelo trabalho era o pecuarista José Carlos Bumlai, amigo de Lula, preso na Operação Lava Jato. O cronograma, porém, não evoluía. Dona Marisa queria tudo pronto no final de 2011, antes do Natal. Foi quando a OAS se apresentou para concluir o serviço.
A testemunha revelou que Bumlai ficou muito nervoso com o atraso: “Em determinado momento da reforma, José Carlos Bumlai ligou agressivamente ao depoente reclamando que a obra não progredia […] Bumlai disse, no momento de ira ao telefone, que quem ocuparia o espaço na reforma seria a OAS”.
O ingresso da OAS na empreitada foi relatado à ex-primeira-dama pelo arquiteto Igenes Irigaray, supervisor dos trabalhos: “A mulher de Lula, dona Marisa Letícia, visitou o sítio e soube dessa informação (mudança de empresa) por intermédio de Igenes”.
37 CAIXAS DE BEBIDA
Documentos obtidos por Veja mostram que, logo após deixar o governo, pertences do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de sua família foram levados para o sítio em Atibaia comprado em nome de sócios do filho mais velho do petista e reformado às expensas de empreiteiros acusados de participar do petrolão. As notas fiscais e ordens de serviço de uma das transportadoras contratadas pelo governo federal para fazer o serviço comprovam que, a mando do Palácio do Planalto, parte da mudança de Lula foi remetida para a propriedade que o ex-presidente nega ser sua.
O sítio é o mesmo que virou alvo da Operação Lava-Jato e de uma investigação do Ministério Público de São Paulo, que apura a suspeita de que Lula tentou ocultar patrimônio, além de ter sido beneficiado por favores das empreiteiras envolvidas no escândalo da Petrobras.
Mais de 200 caixas com pertences da família do ex-presidente foram levadas de Brasilia até o o sítio em Atibaia – 37 delas eram caixas de bebidas, conforme registraram, cuidadosamente, os funcionários encarregados de fazer a mudança. Os documentos com o registro da mudança estão arquivados na Presidência da República.
A entrega em Atibaia se deu em 8 de janeiro de 2011, dois meses após a compra do sítio, feita em nome dos empresários Jonas Suassuna e Fernando Bittar, sócios do filho mais velho de Lula. No sítio, a carga foi recebida por um ex-assessor especial de Lula. Entre os empreiteiros do petrolão, o ex-presidente era chamado de “Brahma”.
Uma reportagem da edição deste fim de semana de Veja traz os detalhes dos documentos e o depoimento inédito de um dos responsáveis por levar os pertences de Lula até o sítio.










EXTRAÍDADETRIBUNADAINTERNET

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