Jornalista Andrade Junior

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

A pedido de Lula, o amigo Dirceu coordenava a defesa de Rose

Carlos Newton


No início das investigações da Operação Porto Seguro, em 2012, quando a Polícia Federal levantava irregularidades em agências reguladoras, a chefe do Gabinete da Presidência da República em São Paulo, Rosemary Nóvoa Noronha, chegou a ser defendida por quatro grandes escritórios de advocacia, três em São Paulo e um no Rio de Janeiro. A pedido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que desde os anos 90 mantinha um romance com ela, quem coordenava pessoalmente a defesa de Rose era o ex-ministro José Dirceu, e Lula ocasionalmente também participava de reuniões com os advogados.
De lá para cá, tudo mudou. Dirceu foi condenado e preso, mas o amigo Lula nunca o visitou. Em viagem a Portugal, quando indagado sobre seu relacionamento com os réus do mensalão, disse que eles jamais foram de sua confiança.
Dirceu cumpriu pena, ganhou o direito à prisão domiciliar. Quando foi libertado, já não tinha os telefones de Lula, que vive trocando de celular. Estava preocupado, porque as investigações da Operação Lava Jato começaram a ser complicar e ameaçavam atingir a todos eles. Dirceu então ligou para Paulo Okamotto, presidente do Instituto Lula e disse que tinha urgência em falar com o ex-presidente.
Okamotto perguntou qual era o assunto. Dirceu explicou que a situação estava ficando delicada, disse que era importante traçar uma linha de defesa comum, para evitar contradições, e tudo o mais.
Quando houve o retorno, Dirceu se decepcionou. Okamotto simplesmente disse que Lula não queria conversar com ele. E os dois velhos amigos nunca mais se falaram…
AS 34 VIAGENS DE ROSEMARY
Entre dezembro de 2005 e novembro de 2010, Rosemary Noronha recebeu diárias pagas com o dinheiro do contribuinte para participar de 34 viagens oficiais ao exterior, com a única e exclusiva finalidade de servir ao então presidente da República.
Ao todo, a segunda-dama esteve em 24 países distribuídos por três continentes. Durante o dia, enquanto Lula cumpria os compromissos oficiais, Rose saía em campo para fazer compras usando o cartão corporativo. Somente à noite os dois se encontravam nos hotéis de luxo onde a comitiva se hospedava.
Em todas essas viagens presidenciais, a primeira-dama Marisa Letícia não esteve presente. Com a revelação do cartão corporativo de Rosemary, agora será possível saber, com toda certeza, se ela participou oficialmente de todas as comitivas, com seu nome oficialmente constando na lista de passageiros, ou se também chegou a viajar como clandestina, apenas na condição de segunda-dama do presidente da República.
LULA BANCAVA (E BANCA) TUDO
Quando ainda era amigo de Lula, era Dirceu quem tomava conta de Rosemary, que costumava viajar com ele para passar fins de semana em praias paradisíacas. Quando Dirceu foi preso, Rosemary passou a cuidar da própria defesa, com ajuda do marido, João Batista de Oliveira Vasconcelos. Todos as despesas com os advogados e com a família eram e são bancadas por Lula, que se mostra generoso e não deixa faltar nada à ex-companheira.
Rose continua morando em seu apartamento de cobertura no bairro da Bela Vista, região central de São Paulo. Para todos os efeitos, seu marido oficial é que estaria sustentando os vultosos gastos da família, com a renda da pequena construtora que criou. Mas a empresa de João Batista Vasconcelos tem raros clientes e está sediada numa saleta de um prédio modesto no bairro do Jabaquara, em São Paulo, apesar de nos bons tempos ter conseguido contrato de 1 milhão de reais com a Cobra Tecnologia, estatal que depois foi incorporada pelo Banco do Brasil.
Quanto ao ex-marido de Rosemary, José Cláudio Noronha, também apontado pela Polícia Federal como beneficiário do esquema de corrupção, ela conseguiu nomeá-lo no primeiro mandato de Lula para um cargo de confiança na Infraero, onde exerceu a função de assessor especial de 2005 a 2014, demorou a ser atingido pelo escândalo.
Atualmente,  Rose está sendo defendida pelo criminalista Celso Vilardi, um dos mais renomados e caros de São Paulo, que não revela quem paga pelos serviços.
UM GRANDE AMOR NÃO VAI MORRER ASSIM…
Lula conheceu Rosemary Noronha em 1993, ao visitar o Sindicato dos Bancários de São Paulo. Ele já era um líder político e sindical da maior importância, que tinha disputado eleição para a Presidência e chegara ao segundo turno contra Fernando Collor. Rosemary era uma jovem bonita, de família modesta, que não havia terminado o ensino médio, mas estava se saindo bem na função de secretária. Foram apresentados pelo dirigente sindical João Vaccari Neto, que não tinha a menor ideia de estar promovendo ao nascimento de um intenso, longo e explosivo caso de amor.
Dez anos depois, quando Lula assumiu a presidência, a vida de Rosemary se transformou. Para mantê-la por perto, ele não teve dúvidas em nomeá-la para chefe de Gabinete da Presidência da República em São Paulo. Era um cargo sem o menor sentido nem necessidade, que se tornou um estranho apêndice no organograma do governo, pois não havia Chefia de Gabinete em nenhuma outra cidade, apenas na capital paulista. Mesmo assim, Lula ainda teve a ousadia de abrir gabinetes em São Bernardo e em Florianópolis (onde residiam filhos e netos), que foram desativados com sua saída do Planalto.
Rosemary perdeu o cargo, perdeu a poltrona cativa no Aerolula, no qual curtiu inesquecíveis viagens internacionais acompanhando o companheiro, seus bens estão bloqueados pela Justiça, mas ela não perdeu a pose. As informações são de que estaria muito amargurada, embora tenha certeza de que Lula jamais a abandonará nem permitirá que perca a privilegiada qualidade de vida que conquistou. Rosemary conhece bem a obra de Roberto Carlos e sabe que um grande amor não vai morrer assim.
Em entrevista à Veja, o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, já negou que o Instituto tenha qualquer relação com a ex-chefe de Gabinete da Presidência da República. Okamotto disse que ela o procura para reclamar, apesar de não ser amigo íntimo dela, mas nunca a ajudou financeiramente. Acrescentou que fica incomodado com a forma pela qual Rosemary tem sido tratada pela opinião pública. “Ela paga de forma desproporcional pelos seus erros, se é que tenha cometido algum”, afirmou.
Quanto ao relacionamento entre ela e o ex-presidente. Okamotto disse que “a Rose não precisa falar comigo para chegar no Lula”.





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