MIRANDA SÁ
“Os homens têm clamado por liberdade, justiça e respeito” (Jacob Bronowski)
“Ressaca”
é uma onda que cai sobre si mesma quando recua da arrebentação. A
palavra vem do espanhol “resaca”, a “volta da onda”. Quando é usada
depois de um porre para males do fígado e estômago, dor de cabeça,
náusea, vômitos, os médicos definem como “veisalgia”, palavra que vem do
norueguês “kveis”, refluxo.
A
“grande imprensa” ficou de ressaca por excesso na cobertura do Carnaval
que durou duas semanas, um período nunca antes ocorrido neste País. É
que o circo, mesmo sem pão, faz bem à massa, com todas as classes
sociais juntas e misturadas…
A
‘massa’ é muito mais do que uma concentração de pessoas; é o
ajuntamento humano com a perda da consciência individual. É um rebanho
conduzido por influência externa e levado pelo modismo, para “aquilo que
todo mundo usa” (Will); enfim, é a tropa dos “maria vai com as outras”.
O
Carnaval de Rua – com seus blocos e cordões – é um exemplo disto. Nele
não há espontaneidade como fazem crer os “sociólogos televisivos”.
Atende, na verdade, ao comando da famosa indústria cultural, que propaga
o que é do interesse do poder dominante para conduzir o povão.
Não
é coisa nova. O “herr doctor Goebles” usou magistralmente essa indução
pelos meios de comunicação para mobilizar as massas, e fez o povo alemão
marchar a passo de ganso reverenciando o insano Hitler; também os
marqueteiros tupiniquins elegeram Dilma – o poste de Lula – persuadindo
os brasileiros no carnaval eleitoral com os confetes, as lantejoulas e
os paetês da mentira.
A
psicologia registra que após a mobilização das massas vem uma ressaca
coletiva. Foi assim com o nazismo, o culto à personalidade de Stálin e
as lisonjas socialisteiras da medicina cubana.
Assim
foi também com a Ku-Klux-Klan e a caça às bruxas do macartismo e, no
reverso da moeda, com a reação ao fascismo norte-americano pelo
movimento hippie; e os dois, mostraram o mesmo extremismo. Observando
isto, o teatrólogo inglês Arnold Wesker chamou Woodstock de
“manifestação fascistinha”.
Temos
também a ressaca do carnaval – bebidas à parte – a ressaca mental, com a
volta dos indivíduos para si mesmos, pagando seus pecados, ou pela
contrição religiosa da Quaresma ou conferindo a lista de despesas e das
contas a pagar.
O
nosso epigrafado, o escritor Jacob Bronowski, fala da busca
inconsciente – quase irracional – da pessoa humana pela liberdade;
assim, mudando o que deve ser mudado, a liberdade é de certa maneira
conquistada na bacanal carnavalesca. Mas seu preço é altíssimo: a
posterior tomada de consciência da realidade.
Por
exemplo: tonteia-nos a ressaca da inflação, que é o samba enredo dos
blocos lulo-petista; da carestia de vida que tem como carro alegórico as
mentiras de Dilma, e do imposto de renda sob o estandarte do Dragão da
Receita. Estas ressacas transmitem uma dor de cabeça que não tem
sonrisal que combata.
E
pior, muito pior do que a ressaca da quarta-feira de cinzas é o
tenebroso cenário da corrupção institucionalizada pelo PT-governo, e,
pior ainda, o cinismo doentio dos seus defensores.
Enquanto
se vê o grande gabiru Lula da Silva enrolado em vendas de MPs, compra
de caças, triplex, sítio, ilha, escambáu, vem a marxista dos irmãos
Marx, Jandira Fegali, criar a campanha do “Em Lula eu Confio”…
Não
tem onda havaiana, fumo de rolo, cachaça braba, uísque falsificado,
maionese deteriorada, nem chato de galocha, que produza indisposição
maior do que assistir o Brasil afundar, e os ínfimos 5% de pelegos
pendurados nas tetas do Erário cheirar o fedor cadavérico de um governo
que acabou. Como o Carnaval.
EXTRAÍDADETRIBUNADAIMPRENSA
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