Jornalista Andrade Junior

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

RESSACA

MIRANDA SÁ

“Os homens têm clamado por liberdade, justiça e respeito” (Jacob Bronowski)

“Ressaca” é uma onda que cai sobre si mesma quando recua da arrebentação. A palavra vem do espanhol “resaca”, a “volta da onda”. Quando é usada depois de um porre para males do fígado e estômago, dor de cabeça, náusea, vômitos, os médicos definem como “veisalgia”, palavra que vem do norueguês “kveis”, refluxo.

A “grande imprensa” ficou de ressaca por excesso na cobertura do Carnaval que durou duas semanas, um período nunca antes ocorrido neste País. É que o circo, mesmo sem pão, faz bem à massa, com todas as classes sociais juntas e misturadas…

A ‘massa’ é muito mais do que uma concentração de pessoas; é o ajuntamento humano com a perda da consciência individual. É um rebanho conduzido por influência externa e levado pelo modismo, para “aquilo que todo mundo usa” (Will); enfim, é a tropa dos “maria vai com as outras”.

O Carnaval de Rua – com seus blocos e cordões – é um exemplo disto. Nele não há espontaneidade como fazem crer os “sociólogos televisivos”. Atende, na verdade, ao comando da famosa indústria cultural, que propaga o que é do interesse do poder dominante para conduzir o povão.

Não é coisa nova. O “herr doctor Goebles” usou magistralmente essa indução pelos meios de comunicação para mobilizar as massas, e fez o povo alemão marchar a passo de ganso reverenciando o insano Hitler; também os marqueteiros tupiniquins elegeram Dilma – o poste de Lula – persuadindo os brasileiros no carnaval eleitoral com os confetes, as lantejoulas e os paetês da mentira.

A psicologia registra que após a mobilização das massas vem uma ressaca coletiva. Foi assim com o nazismo, o culto à personalidade de Stálin e as lisonjas socialisteiras da medicina cubana.

Assim foi também com a Ku-Klux-Klan e a caça às bruxas do macartismo e, no reverso da moeda, com a reação ao fascismo norte-americano pelo movimento hippie; e os dois, mostraram o mesmo extremismo. Observando isto, o teatrólogo inglês Arnold Wesker chamou Woodstock de “manifestação fascistinha”.

Temos também a ressaca do carnaval – bebidas à parte – a ressaca mental, com a volta dos indivíduos para si mesmos, pagando seus pecados, ou pela contrição religiosa da Quaresma ou conferindo a lista de despesas e das contas a pagar.

O nosso epigrafado, o escritor Jacob Bronowski, fala da busca inconsciente – quase irracional – da pessoa humana pela liberdade; assim, mudando o que deve ser mudado, a liberdade é de certa maneira conquistada na bacanal carnavalesca. Mas seu preço é altíssimo: a posterior tomada de consciência da realidade.

Por exemplo: tonteia-nos a ressaca da inflação, que é o samba enredo dos blocos lulo-petista; da carestia de vida que tem como carro alegórico as mentiras de Dilma, e do imposto de renda sob o estandarte do Dragão da Receita.  Estas ressacas transmitem uma dor de cabeça que não tem sonrisal que combata.

E pior, muito pior do que a ressaca da quarta-feira de cinzas é o tenebroso cenário da corrupção institucionalizada pelo PT-governo, e, pior ainda, o cinismo doentio dos seus defensores.

Enquanto se vê o grande gabiru Lula da Silva enrolado em vendas de MPs, compra de caças, triplex, sítio, ilha, escambáu, vem a marxista dos irmãos Marx, Jandira Fegali, criar a campanha do “Em Lula eu Confio”…

Não tem onda havaiana, fumo de rolo, cachaça braba, uísque falsificado, maionese deteriorada, nem chato de galocha, que produza indisposição maior do que assistir o Brasil afundar, e os ínfimos 5% de pelegos pendurados nas tetas do Erário cheirar o fedor cadavérico de um governo que acabou. Como o Carnaval.
EXTRAÍDADETRIBUNADAIMPRENSA

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