por Ricardo Gustavo Garcia de Mello.
E sendo a cultura um elemento de poder identitário no plano local como no internacional, dela participa não apenas os costumes de uma coletividade, mas atores como o governo e a diplomacia, e sobretudo os intelectuais e os meios comunicação que operam como agentes da Diplomacia cultural que tem por objetivo promover os interesses daquela cultura frente as demais, demonstrando que os seus valores particulares podem ser tomados como universais pelas outras culturas.
Por isto que todo cultura enquanto organismo tem a necessidade de auto-conservação para sobreviver e guardar seu patrimônio e de influência internacional para ser reconhecida pelos demais culturas. E os agentes responsáveis por isto são sobretudo os intelectuais.
Como já bem observou Thomas Sowell que “Antes que se possa haver uma defesa nacional, no sentido militar do termo, é preciso que haja algum sentimento sobre a necessidade de se defender a nação num sentido social, cultural ou outro qualquer. A maior parte dos intelectuais modernos raramente contribui para a manutenção desse sentido.” [SOWELL, 2011, p.472]
E é devido a tais caraterística da cultura e da função dos intelectuais que os torna elementos importantes da Segurança, tomada em sentido amplo. Temos que ter em mente que a segurança não se restringe em assegurar a vida do organismo coletivo frente as armas dos inimigos, além disto ela deve abarcar a preservação de tal organismo frente as forças que não são necessariamente militares, mas que também atuam de forma destrutiva. Nos termos da Compreensão de Segurança Nacional do Gen. Aurélio de Lyra Tavares.
Segurança é estado de afirmação e de poder, de invulnerabilidade aos antagonismos de todos os tipos, atuais ou futuros, militares ou não militares, pois é certo, é indiscutível que o destino e a sobrevivência dos povos e das pátrias podem ser ameaçados e podem ser, até mesmo, aniquilados, por forças outras, sem canhões e sem soldados, que atuem sobre o organismo nacional para miná-lo e destruí-lo nos outros sistemas fundamentais que o sustentam, como é o caso do colapso econômico, da subversão social ou da destruição do poder político, sob cuja égide ele se constitui e se orienta” TAVARES, 1962, p. 16]
Exemplo destas forças destrutivas não militares são os influxos ideológicos que podem transformar as contradições em antagonismos inconciliáveis levando uma coletividade a se entredevorar-se. Por isto mesmo que certas ideias formuladas por intelectuais podem vir a ter o impacto subversivo de um projétil quando acerta o alvo desejado, é o caso das ideias que levam a subversão moral da cultura. A subversão moral da cultural é a derrubada por “meios pacíficos” do sistema de valores, regras, Leis e Instituições vigentes de uma dada coletividade, sem o emprego da violência. É por isto que Potências econômicas e militares podem estar vulneráveis intelectualmente no campo da cultura, porque além das armas, existem fatores ideológicos e culturais que convulsionam a soberania. E só os intelectuais atentos aos critérios orgânicos de auto-conservação e influência internacional da sua cultura que podem fazer com que ela resista aos antagonismos e as influências danosas.
É fácil observar, no mundo de hoje, que o país pode ter forças armadas poderosíssimas e estar, a despeito disso, em estado de insegurança, de instabilidade, de desequilíbrio, de vulnerabilidade interna ou externa, tais sejam as condições do organismo nacional, no seu sistema econômico, político ou psicossocial, face à consecução dos objetivos nacionais. Estes englobam a política nacional, isto é, o conjunto de tendências e empreendimentos de ordem social, econômica, militar e psicológica, reciprocamente coerentes e atuantes, a despeito dos interesses contrários, internos e externos, segundo a orientação traçada pela nação, dentro do mundo e do entrechoque de antagonismos que o mantém mais ou menos agitado e convulsionado” [TAVARES,1962, p.27]
Só uma compreensão abrangente da segurança leva a considerar a presença de interesses antagônicos que nem sempre são expressos de modo militar e econômico, mas pela propagando de ideias, ideologias e comunidades intelectuais que agem de forma expansionista. Por isto que a segurança além de dimensões militares, econômicas e políticas, também possui uma importante dimensão cultural que reclama a guarda do seu patrimônio e da sua influência tão necessários para sua soberania.
A influência internacional da cultura judaica é parte constituinte da influência da Civilização Ocidental, sendo uma das condições não só para o sucesso das negociações do Estado Israel, mas também para a existência de uma visão de mundo ocidental dentro do Oriente Médio. E a perda de influência de Israel significa em termos culturalistas a perda de influência do próprio Ocidente.
A expansão do BDS, movimento por Boicote, Desinvestimento e Sanções a Israel no Ocidente, representa o avanço de uma tática não-violenta que pretende destruir intelectual e moralmente Israel através da difamação da sua imagem e desinformação dos conflitos que Israel está envolvido. Esta tática pressiona governos, instituições, acadêmicos e artistas pelo mundo e em especial no Ocidente, a terem um ponto de vista negativo de Israel e por consequência romperem seus vínculos materiais e institucionais com Israel. Usando do engodo discursivo de “defensor dos Direitos Humano”, o que leva a fazer com que muitos defensores sinceros dos Direitos humanos tomem a crítica a Israel apenas como um discurso humanitário e não como discurso interessado.
O documento com os objetivos e procedimento táticos do Movimento BDS (Boicote – Desinvestimento – Sanções) pode ser baixado em PDF pelo site http://www.bdsmovement.net, gerido pelo Comité Nacional Palestino para o BDS. E se pode acessar o documento em PDF traduzido em português pelo Link http://www.mppm-palestina.org/index.php/campanha-bds/91-que-e-movimento-bds no site do Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente (MPPM). Segundo o próprio documento:
Movimento global BDS (Boicote – Desinvestimento – Sanções) é uma plataforma informal de activistas, grupos sociais e organizações que, a nível mundial, coordenam os seus esforços, em resposta ao Apelo lançado pela sociedade civil palestina, para pressionar Israel a cumprir com o Direito Internacional e a Declaração Universal dos Direitos do Homem. [...] Em 9 de Julho de 2005, 171 organizações representativas dos três segmentos integrantes do povo palestino – os refugiados, os habitantes dos territórios ocupados e os palestinos cidadãos de Israel – incluindo partidos políticos, sindicatos, associações, coligações e outras organizações...[p.1] http://www.mppm-palestina.org/index.php/campanha-bds/91-que-e-movimento-bds
O Boicote além de ter uma função econômica e militar ele tem uma função cultural como bem consta o documento:
Embora as campanhas de boicote sejam avaliadas em função do seu impacte económico, o seu sucesso é, também, determinado pela sua capacidade para modificar a opinião e as posições políticas. Uma campanha é avaliada pelo seu impacte económico, pela sua exposição nos meios de comunicação, pela mudança do discurso da opinião pública no que respeita à compreensão da luta do povo palestino e pelo impacte psicológico sobre o ofensor quanto à inaceitabilidade da sua conduta.” [p.3] http://www.mppm-palestina.org/index.php/campanha-bds/91-que-e-movimento-bds
O Boicote: significa a recusa em estabelecer qualquer relação ou manifestação de apoio intelectual a Israel e a cultura judaica com o objetivo de modificar a opinião pública do Ocidente, sobre Israel e o povo judeu. Fabricando assim um consenso negativo da imagem da Israel que opera como um muro de apartheid cultural de tudo que guarda relação com Israel e o povo judeu.
E por isto que o apoio ao BDS e o sentimento de asco que muitos intelectuais que foram privilegiados pela Civilização Ocidental têm de Israel, demonstra que não estimam a sua própria cultura e patrimônio civilizacional, e preferem aceitar qualquer discurso político crítico do status quo com argumentos de cunho passional e relativista que fazem da cultura do Ocidente a “cultura do opressor” e dos demais povos a “cultura do oprimido” do que aceitar a realidade da difícil situação que se encontra o Estado de Israel deis da sua formação.
O assassinato de reputação de Israel feito de modo sistemático por movimentos de difamação intelectual e moral como o BDS (o movimento de Boicote, Desinvestimento e Sanções à Israel e a cultura do povo Judeu) demonstra as consequências danosas que o falso humanitarismo do relativismo cultural da esquerda intelectual acarretou ao Ocidente.
Quando a intelectualidade do Ocidente não só se coloca contra o governo de Israel, mas assassinam a reputação da cultura judaica, apoiando um movimento que prega o isolamento não só de Israel mas da cultura judaica, afirmando que com a construção de um muro cultural que aparta Israel do mundo, em especial do Ocidente, julgando apoiar os Direitos Humanos e o Direito Internacional, na verdade estão se colocando contra o próprio Ocidente e contra o Direito de expressão de uma cultura. Por isto que os intelectuais que apoiam o movimento globalista BDS são uma quinta-coluna Antiocidental.
O quinta-colunismo antiocidental da intelectualidade é expresso pela defesa que os intelectuais ocidentais fazem das chamas “culturas oprimidas” em detrimento da própria, isto foi muito bem captado por Thomas Sowell :
Imagens idealizadas de países estrangeiros formam apenas uma das maneiras pelas quais os intelectuais enfraquecem sua própria nação. Também de outras formas, muitos intelectuais erodem e destroem um sentido de valores e de realizações compartilhadas que torna uma nação possível ou um senso de coesão nacional com o qual se possa resistir aos seus inimigos externos e internos. Condenar os inimigos do país seria, para os intelectuais, equiparar-se às massas, mas ao condenarem sua própria sociedade, os intelectuais ungidos tornam-se, no sentido mental e moral, especiais – ao menos diante de seus pares. [SOWELL, 2011, p. 473-4]
O entreguismo mental do nosso relativismo que se expressa como prática de entregar nossos recursos mentais para os mais diversos influxos, se desdobrou num quinta-colunismo intelectual: que é a ação subversiva local feita em função da simpatia que sente pela cultura adversa.
Apesar do BDS apontar os problemas sociais que decorrem da política de segurança de Israel, que separa ainda mais árabes e judeus, ele omiti que o verdadeiro motivo da construção do Muro de Israel e dos checkpoints, está na necessidade de evitar ataques terrestres de terroristas, assim como seu sistema antimísseis que foi criado para evitar ataques aéreos. Tal sistema de segurança com todos os seus problemas, não tem por base a necessidade de apartar racialmente e economicamente os judeus dos árabes, mas garantir a segurança dos cidadãos Israelenses que são Judeus, árabes, homossexuais, ortodoxos, ateus e cristãos
O ponto crítico ao movimento BDS não está só no clamor por sanções econômicas e políticas à Israel, mas no fato de pregar o Boicote e Sanção cultural a Israel e a cultura judaica que é parte constituinte da civilização Ocidental. Em resposta ao muro criado por Israel, o movimento BDS pretender criar um apartheid cultural contra Israel e a sua cultural, seremos nós intelectuais a argamassa deste empreendimento ou não.
* Sociólogo
Bibliografias:
Documento com os objetivos e procedimento táticos do Movimento BDS http://www.mppm-palestina.org/index.php/campanha-bds/91-que-e-movimento-bds
SOWELL, Thomas. Os intelectuais e a sociedade. São Paulo: É Realizações, 2011.
TAVARES, Aurélio de Lyra. Segurança Nacional, São Paulo, Serviço de publicação da FIESP, 1962.
EXTRAÍDADEPUGGINA.ORG
0 comments:
Postar um comentário