VALENTINA DE BOTAS
Quando leio trechos de mensagens, conversas, depoimentos e frases dos envolvidos nas investigações da Lava Jato, de Lula, dos advogados deles e outros defensores, penso como, à semelhança do livro delicioso de Barthes, esses fragmentos representam um todo claramente apreensível. Os participantes do discurso asqueroso aparecem ou reaparecem em fragmentos diferentes unificado pela linguagem do lulopetismo – o esbulho da nação, em valores materiais e imateriais, para servir a uma seita e respectivos sócios; o Estado tornado um ente a serviço do partido; o país arruinado em roubalheira, incompetência e na obsessão da manutenção do poder.
Esse fenômeno que hospeda na alma um cio patológico, à disposição do qual ata o país, impede qualquer solução; essa força cega e bruta de bicho quando quer procriar nos trouxe a uma crise múltipla que o governo não quer resolver porque se gasta na obsessão ineficaz de se manter no poder; não sabe resolver porque incompetente; e, se competente fosse, não resolveria porque não tem credibilidade.
O PT se ocupa em salvar o próprio dono e investirá furiosamente na ruína do país para livrar o jeca que jamais se levantará da tumba moral. Fragmentos das falas de Dilma Rousseff sobre o Aedes aegypti (rebatizado por ela de Aedes egipsi) reafirmam que um governo incapaz de fazer mal a um mosquito continua, como o antecessor, indiferente ao drama de cada brasileiro que depende do sistema público de saúde.
No fragmento da fala de Marco Aurélio Garcia, especialista na moral inóspita ao sofrimento alheio, referir-se ao triplex como “fubango” não apenas tripudia dos milhares de bancários roubados pela Bancoop – eis aí quem acha que gente humilde não pode ter apartamento na praia –, como também informa que a indignidade da coisa não é a coisa toda indigna, mas o baixo valor dela.
O Roda Viva debater a crise é importante como registro das análises lúcidas que identifiquem o governo fubango de substância moral repugnante como sinônimo da crise e serem consideradas quando esse discurso asqueroso for silenciado.
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