MIRANDA SÁ
“A corrupção dos governantes quase sempre começa pela corrupção dos seus princípios” (Montequieu)
Um
anunciado ‘manifesto’ de advogados inspirou-me para escrever este
texto, por que dentre eles encontram-se defensores de políticos
corruptos, e de empreiteiros tanto ou mais, de políticos e empresários
presos por participação no esquema de corrupção instalado na Petrobras.
Felizmente
não são muitos os que negaram o instituto da delação premiada,
consagrada nas convenções da ONU de Palermo de 2000 e de Mérida de 2003.
Os patrocinadores desconhecem que o uso deste instituto é um
instrumento eficaz para o combate as organizações criminosas e à
corrupção.
O
advogado é, pela formação, um driblador da lei. Se assumirem ser “de
esquerda”, levam-me a um pensamento de Vladimir Lênin que nos meus
tempos de estudante era comentado: “Advogados, nem os do partido”! Se
forem filiados ao PT deviam respeitar a sua representante na presidência
da República: Dilma sinalizou em discurso na ONU a intenção de usar o
combate à corrupção com maior freqüência.
Os
contestadores da Operação Lava Jato podem não gostar do juiz Sérgio
Moro; mas, se estudiosos (que duvido) deveriam ler os seus artigos
publicados, citando o exemplo notável do uso da delação premiada na
Operação Mãos Limpas que destroçou a máfia na Itália.
Moro
é transparente ao adotar a delação premiada. Não se entrega ao delator,
adotando o princípio de que a palavra de criminoso colaborador deve
sempre ser vista com desconfiança e que o depoimento deve ser amparado
em prova de corroboração.
Na
realidade, a Lei que rege a delação premiada impõe que nenhuma sentença
condenatória deverá ter como fundamento as declarações de agente
colaborador (artigo 4º, §16).
O
escorregão falsamente “ideológico” dos advogados manifestantes se
baseia no que dizem que “no plano do desrespeito a direitos e garantias
fundamentais dos acusados, a Lava Jato já ocupa um lugar de destaque na
história do país’.
Coisa
triste vinda de quem estudou o Direito Positivo. Todos os acadêmicos de
Direito sabem que a corrupção é um crime difícil de descobrir e
comprovar. O louvável na Lava Jato vem exatamente transpor as
dificuldades pelo trabalho da Polícia Federal e da ação patriótica do
Ministério Público Federal.
Soma-se
à ação conjunta da PF, do MPF e do juiz Sérgio Moro a técnica de
investigação pela adoção da delação premiada. É claro que este instituto
é insuficiente para condenar os corruptos e corruptores, mas cria
condições de cumprir esta tarefa de faxina para varrer do Brasil a
depravação no trato da coisa pública.
Talvez
seja isto que preocupa os ocupantes dos poderes republicanos e seja
também motivo do preconceito entre os que se manifestam contra a Lava
Jato. É impossível desconhecer que a colaboração de criminosos contra
criminosos oferece informações e provas que se ampliam para outras
atividades ilícitas.
É
o “efeito dominó” que assusta os defensores dos envolvidos nos esquemas
de corrupção que se tornaram uma triste rotina no PT-governo. Não é por
acaso que o lulo-petismo fala de ‘investigação seletiva’: encontram-se
presos diversos hierarcas do PT e a cada dia surgem outros protagonistas
do assalto ao patrimônio público.
Pena
que alguns confusos pensadores ainda não se tocaram para isto. Há até
quem confunda a delação premiada com a imoral e ilegal Lei da
Repatriação de dinheiro sujo sancionada por Dilma para atender quem
driblou a Receita.
Nada
como esta medida governamental para comprovar que vivemos numa
Cleptocracia arrogante e antidemocrática. E os advogados contestadores,
concorrendo com os Black-blocs das manifestações pró-centavos acusam os
defensores da lei e a imprensa independente, fazendo coro ao estribilho
governista contra os vazamentos.
Quem
se puser contra a Lava Jato é inimigo do Brasil e do povo brasileiro
que anseia pela punição dos corruptos, independente dos cargos que
ocupem, do sobrenome que ostentem e da filiação partidária que adotem.
EXTRAÍDADETRIBUNADAIMPRENSA
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