Carlos Chagas
Por que não transformaram em alternativas sociais o Maracanã remodelado, o Mané Garrincha, a arena da Amazônia e os demais palácios? No fins de semana, futebol, mas nos demais dias, salas de aula, bibliotecas, laboratórios, enfermarias e auditórios destinados a ampliar o saber de uns ou a minorar agruras de outros? Adaptações poderiam ter sido feitas durante o início das obras, mas, mesmo depois, valeria o investimento. Em especial se em vez da roubalheira e da distribuição de propinas e comissões agora reveladas.
No primeiro governo de Leonel Brizola, no Rio, graças também a Darcy Ribeiro e a Oscar Niemayer, em poucos meses construiu-se o Sambódromo, que desde então abriga os espetaculares desfiles das Escolas de Samba. Só que durante o ano inteiro as instalações funcionam como outro tipo de escolas, frequentadas por centenas de crianças. Além de terem sido abertos montes de vagas para professores.
QUEM PAGOU PELA FARRA?
Voltando aos tempos de hoje, quem pagou a farra dos estádios exclusivos, tão a gosto das empreiteiras? Os governos estaduais subsidiados pelo governo federal, quer dizer, a população através de seus impostos.
Ainda haveria tempo, caso houvesse arrependimento e disposição por parte das autoridades e das elites. Ou já se esqueceram das parcerias público-privadas e da participação do capital particular na tarefa de retomar o crescimento? Não faltariam grupos interessados em implantar universidades ou em investir na saúde, subsidiados pelo BNDES e sucedâneos, claro que dessa vez voltados para servir à população.
Falta imaginação aos detentores do poder, principalmente quando se trata de corrigir erros. Os monumentos à ignorância bem que poderiam ser transformados em bens a serviço da sociedade, até financiados com as multas que as empreiteiras se comprometem pagar. Se nada disso der certo, se as sugestões que a lógica indica forem obstadas pela burrice que assola o país, fica pelo menos a opção de transformar os estádios em penitenciárias para abrigar os ladrões da coisa pública. O diabo é que talvez não bastem…
extraídadetribunadainternet
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