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Edson não era apenas um farsante.
Para ingressar nos quadros do movimento, ele cobrava do interessado uma mensalidade. O governo de Brasília paga 600 reais por mês de auxílio-aluguel para famílias ligadas ao grupo. O "líder" ficava com a metade do dinheiro. Edson não era apenas um espertalhão.
Quem não pagava as taxas, além de perder os benefícios que o grupo conseguia, era perseguido e ameaçado. O líder do movimento mantinha uma turma de capangas treinados para intimidar os inadimplentes.
A matriz do MTST descobriu que Edson da Silva roubava os pobres e decidiu expulsá-lo em maio deste ano. Nada que abalasse os negócios. Ato contínuo, ele fundou o Movimento de Resistência Popular (MRP) e passou a executar ações ainda mais ousadas.
A principal delas foi a invasão do hotel Saint Peter, no centro da capital. Em setembro, manifestantes ocuparam boa parte dos quartos do hotel durante dias. Além de depredarem as instalações, como de costume, eles furtaram televisões, objetos de decoração e bebidas.
O que os bandidos não sabiam é que a polícia já estava monitorando o grupo. Na casa de um dos líderes, os agentes encontraram eletrodomésticos, taças e vinhos que tinham sumido da adega do hotel. VEJA teve acesso ao material coletado durante as investigações. Nele, fica evidente que os "sem-teto" se comportavam como máfia.
Edson tinha um informante no coração do governo. O suspeito da polícia é Acilino Ribeiro, subsecretário de Movimentos Sociais e Participação Popular do governador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF). Dias antes da prisão do grupo, Ilka Conceição, mulher de Edson, em uma conversa telefônica interceptada, informou ao marido que a polícia havia instalado escutas em um dos prédios invadidos pelo movimento: "(Acilino) disse que tem escuta aí. Vou chegar aí, eu vou falar "Acilino, então vamos queimar Rollemberg e você agora"".
O currículo de Acilino é curioso: ele é um ex-guerrilheiro que trabalhou como segurança do ditador líbio Muamar Kadafi na década de 70. "Ela deve ter lido isso no meu livro Estratégia e Tática da Luta Revolucionária. Escrevi que, aonde os movimentos sociais forem, a polícia sempre vai usar agentes de inteligência para acompanhar", garante Acilino Ribeiro.
Fonte: Veja,
extraídadeaverdadesufocada
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