por Carlos Heitor Cony Folha de São Paulo
O principal argumento que dona Dilma e a assanhada militância do PT, a
começar pelo seu assanhadíssimo fundador, é que a Operação Lava Jato é
um golpe, uma violência contra a Constituição, os bons costumes da nossa
vida pública, um terceiro turno da última eleição presidencial.
Tanto o Brasil como a América Latina possuem razoável e eficiente
know-how em matéria de golpes, cuja finalidade não é expulsar o
governante, mas instalar uma ditadura a mais, na complicada história
política desta parte do globo terrestre.
Sem entrar no mérito da questão (houve ou não crime de responsabilidade
da presidente), a verdade é que até agora não tivemos o mínimo arranhão
em nossa lei maior, apesar de algumas tentativas do governo e da
oposição, com disfarçados apelos das vivandeiras de quartel que desejam
tumultuar o trânsito das grandes cidades com os indesejáveis tanques em
todas as esquinas.
Em 1964, durante a Guerra Fria sustentada pelo fator ideológico, as
coordenadas do golpe instalaram no Brasil e em outros países da região
ferozes ditaduras.
Ninguém está recebendo o ouro de Moscou para fazer uma Sierra Maestra na
doméstica Mantiqueira. Por falar em ouro, o problema é que muita gente,
do governo e seus apaniguados, está recebendo em dólares e reais
quantias com tantos zeros que não cabem nas máquinas de somar.
Não estão em jogo nossas tradições cristãs, mas a corrupção que, de uma
forma ou outra, atinge, em escalas diferentes, os três Poderes da nação.
Como falar em golpe quando a autoridade máxima em fazer cumprir a
Constituição, da qual é o guardião, não está ameaçada de cassações? Como
falar em golpe quando as instituições estão funcionando, o habeas
corpus não foi abolido, o direito de defesa está mantido, a imprensa
continua livre? Afinal, onde está o golpe?
extraídaderota2014blogspot
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