por Aécio Neves Folha de São Paulo
Semana passada, antes de completar um ano de seu segundo mandato, a
presidente Dilma Rousseff trocou seu ministro da Fazenda, Joaquim Levy,
pelo ministro do Planejamento, Nelson Barbosa. Não se pode dizer que
houve surpresa na escolha.
O ministro Levy assumiu a pasta com a missão de fazer o ajuste fiscal
necessário e aprovar uma agenda de reformas estruturais para a superação
da crise econômica e a retomada do crescimento do país. O erro foi ter
acreditado que a presidente Dilma -a mesma que na campanha eleitoral
negava a necessidade de ajustes e afirmava que tudo estava bem- havia
mudado.
Não mudou. A presidente Dilma é a mesma superministra do segundo governo
Lula, a mesma presidente economista que nos legou uma grave recessão,
com inflação alta, e quase quebrou duas das principais estatais
brasileiras: a Petrobras e a Eletrobras.
O novo ministro da Fazenda não é alguém que chega agora ao governo do PT.
Assumiu diversos cargos importantes na gestão do ex-ministro Mantega e
foi um dos principais arquitetos da "Nova Matriz Econômica", a pior
experiência de política econômica desde a década de 1970.
A questão em aberto é se o "novo" ministro, o mesmo que defendeu as
"pedaladas fiscais" e que conta com a simpatia do PT, terá condições de
encaminhar alguma agenda das reformas necessárias.
Das duas uma: ou agrada ao PT e agrava a crise econômica ou tenta
implementar a agenda do antecessor que sai e que não teve apoio do
partido, nem de Lula e da presidente Dilma.
Em princípio, a presença de Barbosa à frente da Fazenda é uma escolha
também partidária e não apenas uma mudança na economia, porque atende a
pressões de parte do petismo ao seu próprio governo.
Enquanto isso, o Brasil real fica em compasso de espera. Continuamos em
uma situação de grave desequilíbrio fiscal, recessão profunda, inflação
elevada, queda do investimento, aumento do desemprego e redução dos
salários reais.
Analistas independentes mostram que a trajetória de crescimento da
dívida pública do Brasil já é insustentável, mas muitos alimentam a
esperança de que o governo Dilma se curve ao bom senso e adote as
medidas necessárias para correção dos graves desequilíbrios.
A falta de rumo da economia decorre da má gestão do governo e das ideias
arcaicas de quem ainda acredita que uma crise econômica se combate com
aumento do gasto público, desequilíbrio fiscal e intervenções do Estado.
Por enquanto, com ou sem mudanças na equipe econômica, não existem
razões para otimismo. Entre o Brasil e o PT, a presidente escolheu mais
uma vez o PT. E como geralmente ocorre, quando o PT vence, quem perde é o
Brasil.
extraídaderota2014blogspot
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