O MENSALÃO COMEÇOU AÍ
Estamos transcrevendo uma carta do Sr. Paulo de Tarso. Os de ontem são os de
hoje. Roubaram antes e o ex-presidente ficou ao lado dos que roubavam.
São 18 anos de furto, sendo que oito anos quase acabam com o País.
LEIAM PARA SABER A VERDADE HISTÓRICA
AO PRESIDENTE NACIONAL DO PARTIDO DOS TRABALHADORES LUIZ INÁCIO LULA DA
SILVA
Companheiro Lula,
Há muitos meses que eu pretendia falar ou ao menos me comunicar com você,
pessoalmente, para que não pairasse qualquer mal-entendido. Só não o fiz
antes por causa da campanha eleitoral. Creio que agora que você reassumiu a
presidência do PT poderemos esclarecer o que ocorreu, em 1993, na
administração petista de São José dos Campos. Esclarecer com o companheiro
Lula não mais como candidato, mas como liderança máxima do PT, um partido
que veio para mudar a História desse país.
Serei objetivo para que, se houver interesse de sua parte e da direção do
PT, possamos aprofundar o assunto no momento e no local mais convenientes.
Tive a (in)felicidade de, como secretário da Fazenda de São José dos Campos,
descobrir uma série de irregularidades do governo anterior, que envolviam
políticos comprometidos com o PTB, PMDB e com o famigerado PRN.
Uma dessas irregularidades envolvia uma empresa bastante conhecida das
administrações petistas: a CPEM - Consultoria Para Empresas e Municípios.
Essa empresa era representada por pessoas ligadas à direção do PT, como os
irmãos Roberto e Dirceu Teixeira. Outras vezes, era apresentada até pelos
prefeitos em exercício, como no caso de Campinas, em 1990, em que o prefeito
era o então petista Jacó Bittar, como uma empresa de gente amiga e que
poderia ajudar nosso Partido. Essa história é longa e nós, eu e você,
tivemos oportunidade de conversar sobre o assunto, na primeira sede do
governo paralelo. Aliás, foi o próprio Jacó Bittar quem me trouxe,
pessoalmente, como militante petista e secretário das Finanças de Campinas
para essa conversa com você.
Soube, posteriormente, que o mesmo se sucedera em outras administrações
petistas, como no caso de Santo André, Diadema, Santos e Piracicaba, pelo
menos. Eu me lembro muito bem que foi difícil convencê-los, no caso de
Campinas você e o Jacó, que não era conveniente contratar uma empresa, sem
licitação, para desenvolver um trabalho que as equipes internas das
prefeituras tinham condições para executar.
Em 1993, fui convidado e assumi o comando da Secretaria da Fazenda,
indicado, segundo o pessoal de São José dos Campos, pelos então deputados
federais Aloízio Mercadante e José Dirceu. Com certeza, nunca solicitei nada
a esses dois companheiros. Minhas ações sempre foram norteadas por
princípios adquiridos ao longo de minha vida e dos quais não abro mão.
Afinal, são valores que custaram muita luta, prisão, tortura, morte e exílio
para centenas de companheiros e amigos.
Logo no início do governo petista em São José dos Campos, verifiquei que a
CPEM era uma das maiores credoras da Prefeitura: já havia recebido mais de
US$ 10 milhões e teria, ainda, um CRÉDITO SUPERIOR A US$ 5 MILHÕES, cujo
pagamento jamais autorizei, apesar das pressões recebidas. Em pouco tempo,
levantei as irregularidades que marcavam o contrato com essa empresa,
favorecendo o que havia de mais podre no cenário político do Vale do
Paraíba. Fiz questão de alertar a direção do PT e, em particular, PAULO
OKAMOTO. Aproveitei uma reunião de secretários das Finanças, em Ribeirão
Preto, no dia 23 de abril de 1993, para alertar os demais companheiros sobre
o risco que poderiam correr caso contratassem aquela empresa. Acabei sendo
admoestado pelo próprio PAULO OKAMOTO por ter falado demais em uma reunião
que havia pessoas de outros partidos. Nesse dia, entreguei, para o Partido,
o início de um dossiê sobre a CPEM contendo o parecer da comissão de
sindicância que instalara para apurar as irregularidades daquele contrato.
A história é longa, como bem sabe, até por força de nossos encontros e
conversas. Cheguei a sofrer ameaças como o cerco promovido por três homens,
que estavam em um Gol branco, chapa DQ 4609, posteriormente constatou-se que
se tratava de uma chapa fria, contra o carro oficial da Prefeitura, dirigido
por um motorista de carreira.
Apesar de tudo, entre outros sucessos, durante os nove meses que permaneci
no comando das finanças públicas de São José dos Campos, consegui, a custo
zero e sem aumento de impostos, os melhores financeiros da história daquele
município. O orçamento histórico de cerca de US$ 100 milhões aproximou-se de
US$ 250 milhões em 1994. Consegui provar, inclusive na Justiça, que a CPEM
era inidônea - foi condenada a devolver US$ 10,5 milhões para os cofres
municipais. O prêmio foi minha exoneração na noite de 13 de setembro,
coincidentemente no mesmo dia em que encaminhei, pela manhã, formalmente, à
Prefeitura e ao secretário de Assuntos Jurídicos, o resultado da auditoria
externa que havia contratado e, ao mesmo tempo, solicitava uma série de
medidas contra a referida empresa, junto ao Tribunal de Contas do Estado,
Secretaria da Fazenda e à própria Justiça.
Pego de surpresa, cobrei da prefeita o motivo do meu afastamento, uma vez
que eu era titular da secretaria que apresentava os melhores resultados
práticos. Entre soluços constrangedores, a Prefeita me informou que PAULO
OKAMOTO, representando a direção nacional, e Paulo Frateschi, pela direção
estadual, "tinham pedido minha cabeça". Esses dois tristes personagens
sempre negaram o que a Prefeita me afirmara.
Posteriormente, os companheiros ALOÍZIO MERCADANTE E GILBERTO DE CARVALHO,
segundo eles, entraram com uma representação junto à Executiva Nacional.
Passado mais de um ano e sem qualquer resposta de quem quer que seja, não
vejo outra alternativa a não ser essa: enviar uma carta, devidamente
registrada no Cartório de Títulos e Documentos, solicitando do Partido dos
Trabalhadores, oficialmente, informações sobre a dita representação e, ao
mesmo tempo, que a Executiva Nacional se manifeste a respeito. Temos que
impedir que o nosso querido Partido perca seu patrimônio mais importante: a
credibilidade crescente junto à população e a confiança de que não seremos
condescendentes com dilapidadores de recursos públicos. O PT não pode ser
colocado na vala comum dos partidos tradicionais e políticos demagogos
descritos pela máxima "faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço".
Entenda, companheiro Lula, essa minha carta como um esforço para se evitar
que o silêncio, diante de tudo o que aconteceu, possa parecer como uma
tentativa de acobertamento das atividades de uma empresa como a CPEM.
Atividades que envolveram recursos públicos da ordem de milhões de dólares,
financiamento de campanhas eleitorais de partidos e candidatos de direita,
contratos condenados pela Justiça, e, no meio disso tudo, militantes do
Partido dos Trabalhadores. Terminar em pizza seria um fato muito grave para
o nosso Partido e para milhões de brasileiros que depositam sua confiança na
sua história construída ao longo de muito sofrimento e luta.
Deixo aqui, pois, formalizados esses dois pedidos e me coloco à disposição
do Partido para apresentar todos os documentos que estão em meu poder e
prestar todos os depoimentos que se fizerem necessários para se apurar, até
as últimas conseqüências, as responsabilidades sobre fatos que hoje
desabonam e desacreditam nosso Partido em todo o meu querido Vale do
Paraíba.
Informo, também, que estarei enviando cópias dessa carta para as nossas
principais lideranças e instâncias partidárias porque acredito que "a
verdade é revolucionária" e que a democracia e a transparência fazem parte
do ideário petista.
SAUDAÇÕES PETISTAS
PAULO DE TARSO VENCESLAU
RG 3.563.157 SSP/SP
Militante e ex-presidente do DZ Pinheiros Ex-membro do Diretório Municipal
de São Paulo Membro do Conselho de Redação de Teoria e Debate ...
São Paulo, 9 de abril de 1997
(Adendo à carta no dia 09/04/97)
Em comemoração aos dois anos de aniversário de absoluto silêncio e
conivência com as falcatruas de nossos dirigentes, estou remetendo, de novo,
a carta que registrei em Cartório em março de 1995.
Seria redundante qualquer comentário.
Um abraço, Paulo de Tarso Venceslau
Postado por José Pires às 10:22
Um pouco de história
Paulo de Tarso Venceslau (Santa Bárbara d'Oeste, 15 de setembro de 1943) é
um economista e ex-guerrilheiro brasileiro, integrante de organizações de
extrema-esquerda que fizeram a luta armada contra a ditadura militar no
Brasil, militante da Aliança Libertadora Nacional (ALN) e um dos
sequestradores do ex-embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Charles Burke
Elbrick, em setembro de 1969.
EX-PETISTA
Preparado pra levar pancada. Quem manda acreditar em Papai Noel por tanto
tempo?. Sou um ex-petista (de carteirinha) e estou na luta pra tirar a gang
do poder.
SEXTA-FEIRA
Paulo de Tarso Venceslau
Ex-petista denuncia caixa dois e diz que Lula sabia Paulo de Tarso
Venceslau, expulso do PT em 1998, economista e ex-secretário de finanças da
Prefeitura de São José dos Campos, afirmou à CPI dos Bingos que o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, quando presidente do PT, conhecia o suposto
esquema de arrecadação de recursos de caixa dois em São Paulo.
Tarso afirmou que a estratégia de arrecadação de recursos não-contabilizados
em São José dos Campos envolvia a Cpem (Consultoria Para Empresas e
Municípios), que prestava serviços para a prefeitura, e era operada pelo
compadre do presidente Lula, ROBERTO TEIXEIRA, e pelo presidente do Sebrae,
PAULO OKAMOTO, que não tinha cargo na direção do partido.
“Pelo volume de dinheiro envolvido, é muito difícil que o presidente do
partido e hoje presidente do país desconhecesse isso [o esquema de
arrecadação de recursos]. É impossível que quem conheceu o ‘miserê’ [sic]
que o PT viveu não soubesse como apareceram tantos recursos”, afirmou Paulo
de Tarso.
Na comissão de sindicância montada pelo PT, depois que o ex-secretário de
São José dos Campos denunciou a suposta existência do esquema, o presidente
Lula afirmou que Okamoto operava a logística do partido e não tinha ciência
de que o hoje presidente do Sebrae seria responsável por arrecadar os
recursos irregulares. “Ou ele [Lula] não queria ver ou fugia de ver”,
afirmou Paulo de Tarso.
De acordo com o depoimento, OKAMOTO teria a função informal de ser o
arrecadador de recursos, uma espécie de tesoureiro informal. “Ele está mais
para DELÚBIO Soares [ex-tesoureiro do PT] do que para Marcos Valério. Ele
circulava pelas empresas que prestavam serviços à prefeitura, arrecadando
dinheiro não contabilizado”, disse.
Paulo de Tarso afirmou que, por conta das denúncias apresentadas em 1997 a
Lula, então presidente do PT, foi demitido do cargo da prefeitura e expulso
do partido por influência do presidente. Lula teria dito, depois que o nome
de Roberto Teixeira foi envolvido, que permaneceria no partido se Paulo de
Tarso fosse expulso.
“Ele disse ou ele ou eu”, afirmou o depoente. “O FREI BETO [ex-assessor da
presidência da República] me disse que se o Lula visse alguém me defendendo
ou conversando comigo, mandaria cortar a cabeça no partido”, acrescentou
Paulo de Tarso Venceslau.
O senador José Jorge (PFL-PE) afirmou que o depoimento mostra que o caixa
dois do PT foi ampliado nos últimos anos do campo regional para o nacional.
“Mostra que o esquema montado nas prefeituras foi ampliado para o cenário
nacional”, afirmou. Ao contrário, Tião Viana (PT-AC) disse que as denúncias
de Paulo de Tarso são motivadas por uma “relação de ódio pessoal”.
Fonte: Felipe Recondo (Folhapress)
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