Se
a população tivesse sido alertada disso em tempo, a “era Lula”, com
todo o seu cortejo de crimes e abjeções, teria permanecido no céu das
hipóteses, sem jamais descer e realizar-se no planeta Terra.
Não há nada que um comunista odeie mais do que o companheiro-de-viagem frouxo, ou escrupuloso, que não o acompanha em todos os seus desvarios, não endossa todas as suas mentiras, não acoberta ou aplaude todos os seus crimes.
Uma
vez que você lhe deu alguma compreensão e ajuda, ele jamais o perdoará
se você não continuar a fazê-lo pelos séculos dos séculos, até o amargo
fim, sacrificando no caminho a honra, a consciência e até a capacidade
elementar de perceber o momento em que a tolerância a um erro se
transmuta em cumplicidade com um crime.
Se
existe um direito que todo comunista nega sistematicamente aos seus
amigos e benfeitores, é o de dizer: “É demais. Cheguei ao meu limite.
Não posso lhe dar mais nada.”
Para um comunista, a amizade que não consente em transformar-se em escravidão não é amizade: é traição.
É por isso que a Carta Capital, o Portal Vermelho, a Hora do Povo
e todos os outros canais por onde escoa a massa fecal comunista
impressa e eletrônica despejam agora todo o seu ódio sobre a “mídia
burguesa” ou “mídia golpista”, aquela mesma que, com seu silêncio
obsequioso e cúmplice, reforçado de tempos em tempos por negações
explícitas, ajudou o Foro de São Paulo a crescer em paz e segurança,
escondidinho, longe dos olhos da multidão curiosa, até tornar-se o
dominador quase monopolístico não só da política brasileira, mas de meio
continente.
Essa
mídia finge surpresa e escândalo, agora, quando o depoimento de Marcos
Valério e o caso Rosemary terminam de revelar as dimensões oceânicas da
sujeira petista e rompem até a blindagem laboriosamente construída e
mantida, ao longo de pelo menos dezesseis anos, em torno da figura do
sr. Luiz Inácio Lula da Silva.
Mas
quem quer que lesse as atas do Foro, onde o impoluto cavalheiro
aparecia presidindo assembléias ao lado do sr. Manuel Marulanda,
comandante da maior organização terrorista e narcotraficante da América
Latina, compreenderia de imediato não estar diante de nenhum santo
proletário, mas sim de um leninista cínico, disposto usar de todos os
meios lícitos e ilícitos, morais e imorais, para aumentar o poder do seu
grupo.
Se
a população tivesse sido alertada disso em tempo, a “era Lula”, com
todo o seu cortejo de crimes e abjeções, teria permanecido no céu das
hipóteses, sem jamais descer e realizar-se no planeta Terra. Não só a
grande mídia, mas os partidos “de direita”, as lideranças empresariais,
as igrejas, os comandos militares e até os propugnadores ostensivos da
causa “liberal”, todos unidos, sonegaram ao povo essa informação vital
que teria posto o país num rumo menos deprimente e menos vergonhoso.
Mas
não foi só o Foro, nem os podres de São Lula, que essa gente escondeu.
Durante pelo menos menos duas décadas, a versão esquerdista da história
do regime militar foi endossada e repetida fielmente em todos os
jornais, canais de TV, escolas e discursos parlamentares, até
incorporar-se no imaginário popular como uma espécie de dogma
sacrossanto, a encarnação mesma da verdade objetiva, acima de partidos e
ideologias.
Nenhum
“repórter investigativo”, daqueles que vasculhavam até os últimos
desvãos obscuros da vida particular do sr. Collor de Mello, teve jamais a
curiosidade de perguntar o que fizeram em Cuba, ao longo de trinta anos
ou mais, os terroristas brasileiros que ali se asilaram. Quantos, por
exemplo, à imagem e semelhança do sr. José Dirceu, se integraram na
polícia política e nos serviços de espionagem da ditadura fidelista,
acumpliciando-se a atos de perseguição, tortura e assassinato político
incomparavelmente maiores e mais cruéis do que aqueles pelos quais
viriam depois a choramingar e exigir indenizações no Brasil?
Omitindo
essa e outras partes decisivas da história, nossa mídia e nossas
“classes dominantes” permitiram que uma visão monstruosamente deformada
do passado se incorporasse à linguagem usual da nossa política, deixando
que criminosos amorais e frios ostentassem diante do povo a imagem de
vítimas sacrificiais inocentes e obtivessem disso lucros publicitários e
eleitorais incalculáveis.
Qual
o nome dessas atitudes, senão “colaboracionismo”? Todos aqueles que
tinham o poder e os meios de barrar a ascensão comunopetista fizeram
exatamente o contrário: estenderam o tapete vermelho e, curvando-se
gentilmente dos dois lados da pista, deram passagem a quantos Lulas e
Dirceus houvesse, aplaudindo, como prova de grande evolução democrática,
a tomada do país por um bando de delinqüentes psicopatas, insensíveis e
coriáceos, tão hábeis na simulação de boas intenções quanto incapazes
do menor sentimento de vergonha e culpa, mesmo quando pegos de calças na
mão.
Mas,
é claro, um belo dia até o estômago de avestruz do
colaboracionista mais impérvio chega ao limite da sua capacidade
digestiva. Com toda a boa-vontade do mundo, sorrindo, entre lisonjas e
rapapés, o sujeito engoliu sapos e mais sapos, depois cobras e lagartos e
por fim jacarés. Mas então pedem-lhe que engula um dinossauro, e ele
por fim desaba: “Não, não agüento. Isso é demais.”
Foi o que aconteceu com a nossa mídia (e a classe que ela representa) quando vieram as provas do Mensalão.
A
reação brutal do bloco lulocomunista expressa a indignação da criança
mimada ante a repentina supressão dos afagos usuais, que o tempo havia
consagrado como direitos adquiridos.
Publicado no Diário do Comércio.
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