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A
Venezuela é hoje um país à deriva, surreal, com um Chávez aparentemente
agonizante que pede preces a Deus enquanto segue com seus vodus e
santería, e nunca, em nenhum momento de seus piores dias, pensou em
pedir perdão às suas incontáveis vítimas.
Após
as eleições presidenciais, em 7 de outubro, os venezuelanos não viram
mais Chávez até que no fim de novembro ele anunciou que voltaria a Cuba
para exames. Por lá ficou em torno de 20 dias, reciclando estratégias
com seu mentor Fidel, confabulando com as FARC, voltou e no mesmo dia
anunciou que o câncer havia reaparecido e que deveria voltar a Cuba para
submeter-se a uma nova cirurgia. Em cadeia nacional, Chávez anunciou
que “talvez” não voltasse em condições re-assumir o novo período
presidencial, o qual se elegeu fraudulentamente usurpando a vitória de
Capriles. Nessa alocução o ditador informou ainda que deixaria seu vice,
Nicolás Maduro, substituindo-o e que, caso não pudesse assumir o novo
governo, que os venezuelanos elegessem Maduro para dar prosseguimento à
implantação do socialismo na Venezuela.
Ocorre
que neste afastamento Chávez cometeu crimes contra a Constituição que
reza o seguinte: em caso de afastamento temporário por dois meses
consecutivos ou provada a incapacidade definitiva, assume o governo o
presidente da Assembléia Nacional e dentro de 30 dias convocam-se novas
eleições. Maduro acumula os cargos de Vice-Presidente da República e
Chanceler, ocupando, portanto, ilegalmente o cargo de presidente. Como
se isso não bastasse, a Assembléia deu permissão a Chávez para
afastar-se de suas funções por “tempo ilimitado”, contrariando a
Constituição, que especifica que o prazo de afastamento tem que ser
determinado.
O
presidente da Assembléia, Diosdado Cabello, chavista desde o primeiro
momento, aceitou nas aparências a usurpação das funções por Nicolás
Maduro e comenta-se que está nos bastidores lutando para reaver o que
lhe cabe por direito. Isso ainda vai render e pode não ser muito
“pacífico”.
A
cirurgia que Chávez fez no dia 12 de dezembro continua, como todas as
demais, cercada de mistério e especulações. Segundo Dr. Marquina, um
oncologista venezuelano radicado nos Estados Unidos, o câncer fez
metástase na região lombar da coluna onde retirou-se três vértebras e
colocou-se próteses. Foi uma cirurgia complicada, demorada e com muita
perda de sangue. O pós-operatório e o prognóstico não foram dos
melhores, chegando-se mesmo a especular que ele não resistiria e que no
dia 17 de dezembro, data que se comemora a morte de Simón Bolívar, seria
anunciado seu falecimento. Isto, até o momento, não foi anunciado.
Dois
dias depois dessa cirurgia Maduro fez um pronunciamento comentando as
dificuldades por que Chávez passara, pediu que os venezuelanos rezassem
por seu restabelecimento e conclamou a militância a votar no dia 16,
usando a doença do mandatário como “estímulo” para continuar com o seu
projeto totalitário. Em Cuba o regime comunista ateu, que se firmou
perseguindo e fuzilando cristãos que não renunciaram à sua fé, vendo-se
na iminência de perder pela segunda vez sua galinha dos ovos de ouro,
mandou rezar uma missa pela recuperação do seu “padrinho”. Os militares
pertencentes ao Partido Comunista Cubano lotaram a igreja com velas e um
gladíolo, símbolo das Damas de Branco que são agredidas fisicamente e
proibidas de assistir à missa celebrada por seus parentes
presos-políticos.
Blasfemos
e debochando das Damas de Branco, militares cubanos participam de uma
missa pela recuperação de Chávez (Foto de "Martí Notícias")
Diante
de tanta incerteza e mistério a oposição venezuelana, que deveria agora
lutar para ocupar os espaços cobertos pelo PSUV (partido de Chávez),
mais uma vez preferiu abster-se. Quase 50% da população votante do país
não foi às urnas renovar os cargos de governador de estado e deputados. O
resultado é que dos 23 estados o PSUV ficou com 20 e apenas 3 ficaram
nas mãos da oposição. O mais trágico nisso é que, desses 20, 11 estão em
mãos de militares reconhecidamente colaboradores das FARC (o “Cartel
dos sóis”), o que garante a sobrevida do bando narco-comuno-terrorista
colombiano na Venezuela.
Enquanto
isso, em Havana, a tal “mesa de negociações” entre o governo colombiano
e as FARC segue sendo determinada pelos terroristas que discutem não
como vão se desmobilizar e desarmar, mas ditando regras sobre a
agricultura, a economia, a educação e finalmente sobre o Foro Militar
que já disseram ser contra, evidentemente. As FARC anunciaram um cessar
fogo “natalino” mas nunca pararam de cometer atos de terrorismo e
assassinar militares, policiais e civis.
Desde
que anunciou, em julho de 2011 que estava com câncer, Chávez tem
mantido seu diagnóstico e real estado de saúde no mais absoluto
secretismo, como todos os líderes comunistas do mundo. O que se tem,
desde o início até hoje, são especulações de todas as formas, inclusive
sobre se a doença é real ou mais uma jogada política canalha para manter
e fortalecer seu modelo socialista. A Venezuela é hoje um país à
deriva, surreal, com um Chávez aparentemente agonizante que pede preces a
Deus enquanto segue com seus vodus e santería, e nunca, em nenhum
momento de seus piores dias, pensou em pedir perdão às suas incontáveis
vítimas nem tampouco, num gesto de misericórdia, liberou da prisão seus
desafetos incriminados fraudulentamente. Muitos deles padecem de câncer e
continuam sem tratamento ou banho de sol, mas o Chávez ateu, comunista e
blasfemo, quer que o povo reze por sua vida. O que será do chavismo sem
Chávez parece ter sido estabelecido nessas eleições do domingo 16,
oxigenado pela ausência daqueles que já não acreditam mais em nada.
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