Jornalista Andrade Junior

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Quem disse que o mundo não acabou?


Eta-ferro, isso não é o fim do mundo? Ou seja, o Banco Central declara oficialmente que sua meta de inflação para os próximos dois anos ficará... acima do alvo (que é o centro da meta)!

Escrito por Ubiratan Iorio
Muita gente me pareceu frustrada ontem, dia em que o calendário maia previa que nosso mundo redondo acabaria, porque tal previsão não teria acontecido. Engano - ledo, alegre, exultante e saltitante! Pelo menos uma ilusão parcial, porque o mundo não acabou, mas tudo indica que começou a acabar, não da forma como imaginamos, com os quatro cavaleiros do Apocalipse aparecendo ao mesmo tempo, porque não foram quatro, mas três e todos surgiram aproximadamente na data marcada pelos maias. Coincidência? Resta apenas a chegada do quarto para que se possa dizer consummatum est. Senão vejamos:

O primeiro cavaleiro: recall de moedas do nosso Bacen
Não é mentira, juro! O Banco Central do Brasil anunciou um recall de moedas, motivado por uma falha de produção da Casa da Moeda, que fabricou joias raras: moedas de cinquenta centavos em uma das faces e cinco centavos na outra! Imediatamente, nossa autoridade monetária informou que essas moedas não teriam curso legal, o que é óbvio, ululante, altissonante, alarmante, preocupante, aviltante e azucrinante. Informaram ainda os burocratas bacenianos que cerca de quarenta mil moedas podem ter sido fabricadas com esse defeito, que só foi descoberto depois que uma delas foi usada como troco (juro que pensei que tinha sido depois de um cara ou coroa). Evidentemente, os bancos terão que encaminhar essas peças raras que, um dia, serão disputadas a tapas por colecionadores, para o Demec, o Departamento do Meio Circulante. Os otários pagadores de tributos, naturalmente, serão chamados na hora da conta pela fabricação das novas moedas.

Eita-pau! Se isso não é o fim do mundo, então será o que? Putz, nem dinheiro estamos conseguindo fabricar mais corretamente! É o primeiro caso na história monetária universal de um banco central que fabrica moedas...falsificadas.
O segundo cavaleiro: pibinho e inflaçãozona
A previsão do crescimento do PIB para este ano caiu de 1,6% para 1%, segundo o banco falsificador (duplamente, aliás) a que aludimos aí em cima. Ao mesmo tempo, a inflação, ou melhor, o que chamam de inflação (porque a inflação é a emissão de moeda sem lastro em poupança real) subiu de 5,2% para 5,7% neste ano e esperam nossos emissores oficiais que ela fique em 4,8% em 2013 e 4,9% em 2014, todas essas estimativas acima do centro da meta, que é de 4,5%, que já é um objetivo muito modesto para quem se diz guardião da moeda.

Eta-ferro, isso não é o fim do mundo? Ou seja, o Banco Central declara oficialmente que sua meta de inflação para os próximos dois anos ficará... acima do alvo (que é o centro da meta)! Que demonstração de incompetência, incoerência, incontinência, degenerescência, que indecência! Por essas e outras é que eu, que já fui simpatizante do sistema de metas de inflação com câmbio flutuante, hoje tenho como meta pura e simplesmente a extinção do banco central, não só o nosso, mas dos de todos os países!
O terceiro cavaleiro: o pibão grandão da presidente
No mesmo dia em que, para espanto e frustração de Mantega, Pimentel & Cia., - mas sem qualquer surpresa para os que conhecem os fundamentos da boa teoria econômica - a projeção do PIB caiu para minguados 1% (coisa que quem se der ao trabalho de pesquisar em meus artigos verá que eu já escrevia no final do ano passado), a presidente declarou que deseja um pibão grandão em 2013. Que novidade! Quem não deseja? [A única objeção que os austríacos fazem a esse desejo é que não se pode desejar algo que não existe, ou seja, essa coisa chamada “PIB”]. Mas, com os auxiliares que ela escolheu na área econômica, com o banco central nas mãos de quem está, com o viés estatista de seu governo, na melhor das hipóteses teremos uma taxa de crescimento do pibinho semelhante à deste ano. O otimismo presidencial é sinal de seu desconhecimento da teoria econômica fundamental, porque ela disse que seu governo fez toda uma "preparação" para que 2013 seja o ano do pibão: baixou os juros, estimulou investimentos e eliminou a “logística cara e ineficiente”. 

Eita! O mundo está mesmo perto do fim! A mulher se cerca de gente incompetente, deficiente, prepotente, incoerente, imprudente, negligente e impenitente e, em seus devaneios de palanque, ainda fala em crescimento sustentado? Que pibão grandão coisa nenhuma!
E o quarto cavaleiro, quando virá?
Bem, este, quando aparecer, adeus mundo imundo! Será o fim de tudo: tempestades de inflação varrendo tudo o que encontrarem pela frente, taxas de juros no formato da letra “i” descendo dos céus como punhais e cravando-se nos peitos de tomadores e emprestadores, bombas de tributos em forma da letra “T” explodindo e matando milhares de “contribuintes” indefesos, pesados pedregulhos de corrupção caindo na cabeça de fiscais, corruptos e corruptores e esmagando-as, prédios suntuosos de empresas estatais desabando sobre as cabeças de quem as criou, tsunamis de moedas (inclusive as do recall), em formato de "M", invadindo as praias, arrasando tudo que estiver em sua trajetória e afogando quem as emitiu, monstruosas valorizações cambiais matando nossas exportações, corredores do BNDES inundados arrastando multidões de lobistas e lançando-os inertes e inermes na Av. Chile, vulcões de gastos públicos arrebentando em estrondos de incontáveis decibéis em macabro espetáculo pirotécnico e dizimando políticos e tecnocratas que os aprovaram e defenderam. Enfim, o fim!

Quando isso poderá acontecer? Bom, chegou a hora de falar sério e vou dar um palpite: daqui a mais ou menos dois anos, em outubro de 2014, se nosso povo mantiver no poder essa inacreditável coleção de incompetentes que vêm orlando os gabinetes de Brasília desde 2003.

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