Jornalista Andrade Junior

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

COLEGIOS MILITARES

Gêmeos de Porto Alegre conquistam medalhas de ouro em olimpíada nacional de matemática

Bryan e Brendon Diniz Borck, 12 anos, são estudantes do Colégio Militar da Capital

É preciso menos de dez minutos de conversa para perceber que os irmãos Bryan e Brendon Diniz Borck, 12 anos, não são adolescentes como a maioria. Os gêmeos idênticos se expressam com bastante eloquência, não usam gírias e consideram sete uma nota baixa no boletim escolar.

Alunos do 7º ano do Colégio Militar de Porto Alegre, os meninos souberam nesta sexta-feira que conquistaram medalhas de ouro na Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas de 2012, na qual levam ouro os 200 primeiros colocados em cada categoria. Bryan foi o primeiro lugar geral do país entre os alunos dos 6º e 7º anos do Ensino Fundamental, e Brendon, o 14º.

Ao todo, mais de 19 milhões de estudantes de 46.728 escolas de todo o país disputaram a Olimpíada deste ano. Bicampeões, os gêmeos também levaram ouro em 2011, o que lhes rendeu uma viagem ao Rio de Janeiro para receber as medalhas das mãos de Dilma Rousseff. O momento com a presidente, que deve se repetir no ano que vem, encheu de orgulho os pais, o técnico em informática Nadir Borck e da dona-de-casa Tatiane Diniz Borck.

— Eles estudam muito, gostam de ler, mas também adoram jogar videogame. São filhos maravilhosos, não preciso mandar eles fazerem nada. Estão sempre à frente da gente — orgulha-se a mãe.

Os professores do Colégio Militar também são só elogios para a dupla de alunos modelo. Do 6º para o 7º ano, Brendon foi escolhido o melhor da série e recebeu o título de comandante da turma. O segundo colocado foi o irmão, Bryan.

— Percebemos que eles não têm só interesse pelas notas. São afetivos, e se preocupam em ajudar os colegas que precisam de reforço com os estudos — diz o tenente Gentil Bruscato, professor de Física.

Pais participam da vida escolar e cobram bons resultados dos gêmeos

Quando pequenos, os meninos não frequentaram creches. Foram alfabetizados em casa, pela mãe, que notou cedo a facilidade de ambos para as letras e os números. E, desde o início da vida escolar, foram colocados em turmas distintas para que pudessem desenvolver potencialidades individuais.

Antes de irem para o Colégio Militar, no 6º ano, os dois estudavam em uma escola particular da cidade, onde já se destacavam pelo comportamento e boletim exemplares. Em casa, os pais cobram bons resultados e participam da vida escolar dos meninos, que preferem estudar separadamente, mas se unem quando as dúvidas surgem.

Além do trabalho individual, os meninos têm aulas extras no contraturno no colégio.

— Na escola, nos oferecem oportunidades de participar de competições e os professores são muito bem preparados. Temos muito a agradecer a eles — diz Bryan.

Em época de provas, conta a mãe, os gêmeos concentram-se como atletas em final de campeonato e reforçam o tempo dedicado aos estudos. Não param nem para acessar os perfis que mantêm em uma rede social.

Agora, terão mais desafios na vida acadêmica. Premiados, estudarão matemática no Programa de Iniciação Científica Júnior do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Além disso, depois de participar de um processo seletivo acirrado para o Programa de Preparação Especial para Competições Internacionais, ambos foram selecionados. Brendon é um dos 12 estudantes do país que participará dos encontros presenciais em Brasília e Bryan ficou entre os 32 alunos que participarão de encontros virtuais.

— Muitos alunos não têm gosto pela matemática e colocam um "não" na frente dos estudos antes de aprender. Mas só é necessário dedicação e empenho, pois a disciplina é muito prática — indica Brendon.

Apesar da pouca idade, os dois demonstram maturidade e fazem planos para, no futuro, unirem a carreira militar ao gosto pela matemática. Estão em dúvida se cursam o Instituto Militar de Engenharia (IME) ou o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), escolas militares de difícil ingresso. Alguém duvida que consigam?

Bryan não:

— A gente está sempre junto. Vamos continuar assim.
 

 

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