por Alexandre Garcia
Imagine se um professor pusesse de joelhos alunos fumadores de maconha na escola. O professor seria destituído, talvez preso, e apanharia dos alunos. O politicamente correto enfraqueceu a disciplina e com ela o professor. A droga invade escolas e, no caso, foi preciso pedir a proteção de traficantes, que impõem a disciplina do modo que alunos entendem. E eles avisam que estão com o guardinha e com a diretora. E eu vos digo: as diretoras que tentaram impor disciplina em suas escolas foram denunciadas por pais, foram expostas na mídia e acabaram desiludidas com a missão que escolheram por vocação. No caso do vídeo, o pessoal do tal Comando está à frente do politicamente correto no trato com droga - incrível!
Em Brasília, o legislativo local acaba de derrubar veto do governador contra a lei que cria a disciplina de moral e cívica nas escolas do Distrito Federal. O governador, certamente, ainda tem a síndrome do governo militar. Só que a matéria não é dos militares. Quando frequentei a escola pública, o grupo escolar, no primário, entre 1947 e 1951, tínhamos, em Estudos Sociais, o ensino da cidadania, da estrutura do estado brasileiro, das funções dos três poderes, os direitos e deveres do cidadão; aos sábados, tínhamos hora cívica, em que hasteávamos a bandeira cantando o Hino Nacional e depois líamos textos e poesias referentes aos vultos e episódios da História do Brasil comemorados na semana que findava. Ao final, arriávamos a bandeira cantando o Hino à Bandeira. E aprendíamos a interpretar textos, a fazer frases, a escrever trechos ditados, com a consciência de que a Língua Portuguesa é um dos patrimônios da nacionalidade.
Mais do que isso, antes de entrarmos no ensino fundamental e durante nossa infância, recebíamos em casa a educação de não mentir, de respeitar as leis e os outros, de respeitar o patrimônio público, de nos comportarmos em público com a educação recebida em casa. Eram tempos em que não havia droga “recreativa” - sabíamos que toda droga faz mal -, as brincadeiras não eram chamadas de “bullying”, meninos e meninas eram meninos e meninas; os namoricos precoces não eram “assédio” e os professores não tinham medo de ser processados quando caíamos de árvores ou de telhados. E nós tínhamos medo e respeito dos professores. Chegamos até aqui - com as exceções normais - ordeiros, disciplinados, felizes, vividos e, creio, bons cidadãos.
*Publicado originalmente em http://www.sonoticias.com.br/coluna/hoje-e-ontem-na-escola
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