Carlos Newton
O mais importante nesse episódio da chamada “Guerra da Lagosta” é que a frase está correta – realmente, o Brasil não pode ser considerado um país sério. Todos sabem que vivemos numa esculhambação institucional sem similar no mundo, em que pululam as jabuticabas, tipo prisão somente após trânsito em julgado, foro privilegiado e… coligações eleitorais mistas.
CONFUSÃO GERAL – Aproximam-se as eleições e vamos assistir a mais um festival de maluquices políticas, porque continua sendo permitido que os partidos coligados nas eleições a presidente sejam adversários nas disputas estaduais e/ou municipais. É muito comum no Brasil que as coligações das eleições municipais tendam a seguir a disputa política interna de cada estado. Os partidos normalmente apoiam candidatos que pertençam ou ao grupo político do governador, ou a grupos de oposição, sem a menor conotação ideológica.
Nessa confusão, a lógica de formação de coligação nos municípios pode ser totalmente distinta daquela coalizão ocorrida na eleição presidencial, dois anos antes. Um exemplo claro: em 2012, o PSDB apoiou 188 candidatos petistas a prefeito. E o PT, por sua vez, declarou apoio a 155 candidatos tucanos. Tente explicar isso a um analista político de país desenvolvido…
MERCADO ABERTO – A negociação e fechamento das coalizões é um das etapas mais importantes da política brasileira. O presidenciável tucano Geraldo Alckmin sonhava em ser apoiado pelo PSB, mas quebrou a cara. Ainda sonha com o DEM, outro velho aliado, mas Rodrigo Maia faz de conta que é candidato, apenas para valorizar o passe de seu partido, levando Alckmin à loucura.
Quem há meses está no mercado das coligações, prometendo mundos e fundos, é o presidenciável Michel Temer, que tenta forçar a atual base aliada a apoiar sua candidatura, mas está difícil convencer os partidos, porque ninguém gosta de perder.
Na verdade, as legendas que não pretendem sair com candidato próprio estão aguardando a poeira assentar, como o PRB, o PP, o PR, o Pros e os demais, inclusive o PTB de Roberto Jefferson, que ameaça apoiar Temer, mas o negócio ainda não está realmente fechado.
UM MISTÉRIO – Em meio a este quadro confuso, um dos maiores mistérios é a situação de Henrique Meirelles, que está sentado em cima de uma montanha de dinheiro para fechar sua coligação. Os jornais vivem proclamando que ele foi abandonado pelo PSD, mas Gilberto Kassab, que é “dono” do partido, não diz nem que sim nem que não.
Temer acha que será apoiado pelo PSD e o tucano Alckmin tem a mesma intenção, mas Kassab ainda não se decidiu e só vai bater o martelo na chamada undécima hora.
Jair Bolsonaro (PSL) e Ciro Gomes (PDT) também precisam de mais tempo na TV, porém a situação mais dramática é de Marina Silva, que estará fora dos debates na TV se não conseguir fechar coligações. Só poderá participar se for convidada pela emissora.
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P.S – Em tradução simultânea, cada Estado tem uma realidade eleitoral que possibilita as mais estranhas coligações, fazendo com que a política brasileira funcione na base do “Chiclete com Banana”, famoso samba de Gordurinha e Almira Castilho, que fez sucesso primeiro com Odete Amaral e depois com Jackson do Pandeiro. Aliás, Almira era casada com Jackson do Pandeiro, mas isto já é outra história, que nada tem a ver com a esculhambação institucional. (C.N.)
EXTRAÍDADETRIBUNDADAINTERNET
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