Jornalista Andrade Junior

quinta-feira, 22 de março de 2018

Da cadeia, Palocci critica STF por 'furar fila' com habeas corpus de Lula, o mais notório dos ladrões da Lava Jato

Bela Megale, O Globo

O ex-ministro Antônio Palocci, preso em Curitiba há quase um ano e meio, tem mostrado indignação com a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de pautar o habeas corpus do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva antes do seu.

"O Supremo criou duas categorias de cidadão: a que impetra um habeas corpus preventivo e fura a fila e a outra de quem está preso há um ano e quatro meses a espera do julgamento do mesmo recurso pelo STF", disse o ex-ministro na manhã desta quinta-feira aos seus advogados.

Palocci tem acompanhado a movimentação do STF principalmente pela televisão que fica em uma das celas da superintendência da Polícia Federal, em Curitiba, onde ele está detido. O ex-ministro, que costuma ser discreto e não fazer reclamações, chamou a atenção dos companheiros de cela por falar que está indignado com a ação do Supremo de "furar a fila" com o pedido de liberdade de Lula.

Ontem a presidente da suprema corte, a ministra Carmén Lúcia, informou na abertura da sessão que o plenário julgará hoje o pedido feito pela defesa do ex-presidente na tentativa de evitar sua prisão. Lula foi condenado pelo Tribunal Federal da 4ª Região (TRF-4) a 12 anos e um mês de prisão.

Nesta quinta, o advogado de Palocci, Alessandro Silverio, apresentou uma nova petição solicitando que Carmén Lúcia paute o pedido de liberdade do ex-ministro. "Nada justifica julgar um habeas corpus preventivo, por mais eminente que seja o paciente, em detrimento do presente habeas corpus, o qual foi impetrado muito antes do habeas corpus que V. Exa. optou por julgar na sessão de hoje, agravando a coação ilegal a que se encontra submetido Antônio Palocci Filho".

Em 2018, a defesa de Palocci apresentou quatro petições ao STF solicitando que o pedido de liberdade dele fosse julgado. Ontem, o ministro Gilmar Mendes citou o caso e disse que o ex-ministro aguardava o julgamento de seu habeas corpus preso. O relator do caso, o ministro Edson Fachin, disse que o processo foi retirado da pauta a pedido da defesa. Procurado pela reportagem, Silvério afirmou que isso aconteceu "há quatro meses" e que Fachin retirou o pedido da pauta usando uma fundamentação diferente daquela apresentada por ele.

No acordo de delação premiada que tenta firmar com a Procuradoria-Geral da República há quase um ano, o ex-ministro Antonio Palocci ofereceu diversos temas ligados ao ex-presidente Lula e ao período em que atuou em seu governo como ministro da Fazenda. Em depoimento ao juiz Sergio Moro em setembro do ano passado, ele afirmou que a Odebrecht fez um "pacto de sangue". Segundo ele o acerto foi em 2010 e incluía a compra de um terreno que abrigaria o Instituto Lula, o sítio de Atibaia e R$ 300 milhões para fazer aatividades políticas.atividades políticas.habeas-corp22515515#ixzz5AVYUyMEX 
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