PERCIVAL PUGGINA
Imaginei tratar-se de fake news, dessas que adversários lançam
contra algo ou alguém com a finalidade descarada de lhe destruir a
imagem. “Ora se os magistrados federais brasileiros vão cometer tamanha
heresia!”, afirmei indignado aos meus seis botões que se mantiveram em
incrédulo silêncio. Nem eles acreditaram. Consultei um site
especializado em esclarecer sobre boatos e nada encontrei a respeito.
Busquei confirmação no mainstream do jornalismo brasileiro. E lá estava,
em O Globo, Infomoney, Estadão, Folha et alli: atendendo iniciativa de
sua representação “classista”, os juízes federais suspenderão atividades
no dia 15 de março para reivindicar ao STF que não delibere sobre o mal
afamado auxílio-moradia e aguarde para, oportunamente, discutir os
direitos dos magistrados a tais ou quais adicionais.
Com todo o
respeito que a magistratura federal me merece – que falta de juízo de
sua representação! Ao entrarem em greve, ainda que o rótulo, saído lá do
laboratório de genéricos, fale em paralização, os juízes estão
renunciando à elevada condição de membros de um dos três poderes de
Estado, para se assumirem como funcionários! Certo partido político, que
já transformou em “trabalhadores em Educação” quantos se dedicam ao
magistério, poderia sugerir agora aos magistrados que se declarem
“trabalhadores em Direito e Justiça”.
O desarrazoado,
desajuizado da situação se revela ainda mais nítida quando imaginamos,
simetricamente, uma greve do Congresso Nacional, ou do governo da União,
com pauta classista. Morro e não vejo tudo.
EXTRAÍDADEPUGGINA.ORG
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