editorial de O Globo
Na quinta-feira, a Polícia Federal e a Receita desarticularam uma quadrilha que contrabandeava mercadorias pelo Aeroporto Internacional Tom Jobim/Galeão. Segundo a PF, o bando usava “mulas” para atravessar os produtos e pagava até US$ 1 mil para que mochilas e malas passassem pela alfândega sem inspeção. A operação, não por acaso batizada de Vista Grossa, investiga a participação de servidores da Receita no esquema criminoso.
Uma semana antes, a Polícia Federal, em parceria com a Receita e a Polícia Civil, havia feito uma das maiores apreensões no estado: 1,3 tonelada de cocaína pura. A carga, que estava em dois contêineres no Porto do Rio, seria embarcada para Antuérpia, na Bélgica.
Escondida em meio a material de construção, ela foi descoberta com ajuda de cães farejadores e equipamentos de raios X.
No dia 26 de fevereiro, policiais rodoviários federais apreenderam seis toneladas de maconha, 3.500 munições para fuzil e 42 frascos de lança-perfume na BR-262, em Três Lagoas (MS). O material, vindo de Dourados, perto da fronteira com o Paraguai, estava escondido no compartimento de carga de um caminhão-tanque e, segundo seu motorista, preso em flagrante, abasteceria quadrilhas de traficantes em comunidades do Rio.
Naquele mesmo dia, um arsenal formado por 15 fuzis, 33 pistolas e 25 mil munições foi interceptado pela Polícia Rodoviária Federal durante uma blitz na BR-116, em Seropédica, Região Metropolitana do Rio. O armamento, escondido em cilindros na caçamba de um caminhão, vinha de Foz do Iguaçu (PR) e seria levado para a Favela Nova Holanda, na Maré.
Outra ação bem-sucedida ocorreu no dia 18 de janeiro, quando 19 fuzis, 41 pistolas, carregadores, munição e pasta base de cocaína foram apreendidos na Rodovia Presidente Dutra, nas imediações de Itatiaia, durante uma blitz conjunta da Polícia Rodoviária Federal e da Delegacia Especializada em Armas, Munições e Explosivos (Desarme).
Por essas apreensões recentes, fica evidente que contrabandistas e traficantes de drogas e armas não têm qualquer pudor em usar portos, aeroportos e rotas principais, como as BRs, para transportar suas mercadorias. Talvez por apostarem na impunidade, no sucateamento das forças de segurança, na corrupção e nas dificuldades naturais de fiscalização num país de dimensões continentais.
O fato é que drogas, armas e muambas costumam entrar pela porta da frente. Lembre-se que 60 fuzis vindos de Miami, nos Estados Unidos, foram apreendidos, em junho do ano passado, em pleno Galeão. Estavam escondidos em aquecedores para piscinas. Segundo a própria polícia, outros carregamentos já tinham passado pelo local.
Portanto, deve-se fazer o óbvio: combater a corrupção, para evitar “vistas grossas”, e aumentar a fiscalização em portos, aeroportos, fronteiras e rodovias, porque é por aí que drogas e armas têm entrado para abastecer o tráfico. Pode não ser tarefa fácil, mas é possível. Afinal, quem procura acha. A maior prova são as últimas apreensões.
extraídaderota2014blogspot
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