por José Maurício de Barcellos
Estamos a poucos dias do julgamento do derradeiro recurso interposto pelo condenado Lula da Silva, no Tribunal Regional Federal da 4ª Região em Porto Alegre e, consequentemente, estávamos bem próximos de sua ordem de prisão. O Brasil e o mundo esperavam por este momento. Aguardavam pela a foto do mais audacioso patife sendo conduzido ao xilindró que é emblemática, na medida em que marca o fim de uma perversa era de incompetência e de malversação no trato da coisa pública sempre blindada com uma plena garantia da impunidade posta à disposição dos facínoras, principalmente por ignóbeis que traíram seu juramento de lutar pela lei e pela ordem, para enriquecer e enriquecer suas bancas onde se refugiam, além de outros bandidos, os criminosos de colarinho branco. Já não sei mais se a prisão vai acontecer.
Caso a prisão não venha a ocorrer, por qualquer razão, penso que o Brasil não dormirá em paz. Penso que o País não pode se conformar. Penso que não teremos porque esperar mais e que a vergonha e a humilhação impostas a esta Terra de Santa Cruz perante a comunidade das Nações livres serão tamanhas que, se não promovermos a ruptura com tudo que aí está tomando nas mãos o poder direto que ao povo concedeu a Constituição Federal, nenhum homem de bem terá mais o direito de caminhar de cabeça erguida. Que nos amaldiçoe, então, os que virão depois de nós, porque em verdade nos transformamos numa geração de covardes e renegados.
Esta situação revela fortes indícios no sentido de que a esquerda populista e delinquente, embora ferida de morte e estrebuchando nos estertores, está reunindo as últimas forças para estender as mãos ao demônio do continuísmo que, no momento, por uma face se traveste na figura de um “mandarim da república” e por outra na de um santo e puro defensor das minorias e dos “direitos dos manos”. Fiquemos espertos para o que está ocorrendo e para o que vem por aí.
Em primeiro lugar falo assim porque se costura uma solerte negociata para livrar o “Ogro” da cadeia. Toda a classe política abjeta, e em especial aqueles que estão nas malhas da Justiça, se movimentam naquela direção. Consta que o velho cacique do Maranhão e sua quadrilha, ambos pegos pela Operação Lava Jato, a despeito da resistência da Ministra Presidente do Supremo Tribunal Federal, vem tentando – e continuará a insistir - que aconteça uma reunião de todos os ministros, a portas fechadas, por sugestão de um antigo Membro da Corte. O plano já surtiu resultado.
Conquanto o Ministro não seja distinguível a olho desarmado – e nem se distinguirá - ele é uma espécie de líder da facção que defende no STF a revisão da regra que permite a prisão de condenados em segunda instância, tal como Lula. O referido magistrado, antiga cria de José Sarney, está empenhado em convencer a presidente do STF a colocar em julgamento duas ações sobre o tema e salvar Lula da prisão imediata. Ocorrendo ou não o convescote palaciano, ninguém ficará sabendo o que se dirá ou se decidirá nesta reunião nada republicana, mas as consequências dela oriundas sempre advirão e o povo as suportará com certeza.
Depois daquela tramoia a situação evoluiu. Os Ministros defensores do ex-presidente condenado, ainda que não tenham atingido seu objetivo final lograram, por enquanto, livrar o “Larápio de Garanhuns” da “tranca dura”, adiando o julgamento do injurídico e incabível “habeas corpus”, para 4 de abril próximo.
Agora vão continuar lutando para que a Ministra Carmem Lúcia, desdizendo tudo que garantiu ao povo, coloque em julgamento as tais ações indultando Lula, por assim dizer, e quem sabe adiante também autorizem que tente voltar à Presidência da República um condenado com mais de 30 anos de prisão a cumprir, se consideradas todas as ações penais que responde.
O plano diabólico tem muitos mentores, inclusive uma horda de operadores do direito defensores de bandidos, mas tudo indica que o principal executor seja o Ministro em questão, que não aparece. Para que se tenha uma ideia de quem seja este condestável da República (ou Calabar?) ao qual me refiro, basta que se conheça o que sobre ele disse e escreveu Dr. Saulo Ramos, ex-ministro da Justiça e o maior responsável pela nomeação do mesmo para o STF, no governo Sarney: “Entendi que você é um juiz de m....”.
A respectiva história está relatada, com todas as letras, no livro de memórias de Saulo Ramos, um dos maiores aliados de Sarney na vida pública, obra que ele intitulou de “Código da Vida” (Editora Saraiva) e, numa apertada síntese, destaco o que se segue, omitindo uma menção direta ao nome do cidadão em tela porque, ainda que tudo seja do domínio público, quero manter o princípio no sentido de que se deve combater ideias e não pessoas.
O Ministro em questão, que tinha sido secretário de Saulo Ramos na Consultoria Geral da República telefonou para o antigo chefe e se comprometeu a votar a favor de Sarney num processo do interesse deste. Realmente, “terminado seu mandato na presidência da república, Sarney resolveu candidatar-se a senador. O PMDB negou-lhe a legenda no Maranhão. Candidatou-se pelo Amapá. Houve impugnações fundadas em questão de domicílio, e o caso acabou no Supremo Tribunal Federal”, diz o Consultor em seu livro.
Veio o dia do julgamento do mérito pelo plenário. Sarney ganhou, mas o último a votar foi o indigitado ministro, que votou pela cassação da candidatura do Sarney, porém “Apressou-se ele próprio a me telefonar se explicando, relata Saulo Ramos: “— doutor Saulo, o senhor deve ter estranhado o meu voto no caso do presidente”. — claro! O que deu em você? — é que a folha de São Paulo, na véspera da votação, noticiou a afirmação de que o presidente Sarney tinha os votos certos dos ministros que enumerou e citou meu nome como um deles. Quando chegou minha vez de votar, o presidente já estava vitorioso pelo número de votos a seu favor. Não precisava mais do meu. Votei contra para desmentir a folha de São. Paulo. Mas fique tranquilo. Se meu voto fosse decisivo, eu teria votado a favor do presidente. Nesta altura da narrativa Saulo Ramos diz: “Não acreditei no que estava ouvindo”. Recusei-me a engolir e perguntei: — espere um pouco. Deixe-me ver se compreendi bem. Você votou contra o Sarney porque a Folha de São Paulo noticiou que você votaria a favor? — sim. — e se o Sarney já não houvesse ganhado, quando chegou sua vez de votar, você, nesse caso, votaria a favor dele? — exatamente. O senhor entendeu? — entendi. Entendi que você é um juiz de merda! Bati o telefone e nunca mais falei com ele.”, dizem as memórias.
A vista deste antecedente concluo: um homem desse jaez é bem capaz de tramar contra o Brasil ou trair a esperança de sua gente sofrida só para atender ao pedido de seu padrinho, o mesmo antigo protetor que, tal como o larápio mor, está enrolado na Justiça. Por que não?
Em segundo lugar alerto para outro perigo que se aproxima. Posto que tenha caído inteiramente a máscara da esquerda ordinária que levou o Brasil a experimentar o maior roubo dos cofres públicos da história da humanidade e que colocou nua a podre aliança com o negocismo usurpador, todos seus integrantes (pegos ou não pelas malhas da lei) acabaram enlameados, como enlameados terminaram suas sociedades de celerados legalizadas como partidos políticos, mormente os chamados de esquerda, aqui inclusos os socialistas e os de centro esquerda, do PT ao PSOL, passando pelos PSDB, PMDB, PTB, PSB, para só citar os maiores, posto que o resto eu nem considero porque, no fundo, não passam de meras máquinas “caça-verbas” eleitorais.
Quanto mais à esquerda é o partido mais calhordas são seus filiados e correligionários porque, além de ladrões como os das demais agremiações (lembrem-se dos inúmeros esquerdistas denunciados na Lava Jato), ainda se apresentam como guardiães do povo humilde, bem como das minorias e dos vitimados, enquanto mantêm a todos em suas tristes indigências e submissos à bandidagem que eles protegem ferozmente. Agora que eles não têm mais as sórdidas bandeiras com as quais se camuflavam, estão desesperados no encalço de qualquer outra, nem que seja a de um cadáver de quem teve a vida ceifada, em última análise, por causa e consequência da vilania de suas ações partidárias. Não deviam estar alegando em seu proveito as próprias torpezas.
Aqui neste ponto revelo uma duvida. Porque será que a imprensa caçadora de audiência está promovendo no caso da partidária do PSOL, assassinada como milhares e milhares de outras pessoas no Brasil inteiro, uma enorme campanha midiática como poucas vezes desenvolveu? Conjecturando respondo que podemos encontrar uma resposta no quanto em dinheiro público que os grandes conglomerados de comunicação obtiveram durante os governos de esquerda nas últimas décadas e no perigo que correm agora se o povo apoiado pelas Forças Armadas ou liderado por alguém que não poderão cooptar, vier interromper o ciclo de roubalheira ao qual estão até hoje habituados.
Nos casos de que tanto a tentativa desesperada de livrar o maior ladrão dos cofres públicos da cadeia, quanto do show macabro em cima do cadáver da ativista do PSOL tenham, os dois, motivações semelhantes ou propósito iguais, somente uma explicação me ocorre: querem salvar as esquerdas brasileiras do lixão da história.
Contra a máquina pública que ainda eles dominam e contra esta imprensa covarde e proxeneta da ignorância e da indigência de nosso povo, os homens de bem têm agora a seu dispor a rede mundial de computadores. Ela e seus grupos sociais têm um poder inimaginável e está enlouquecendo os ricos donos da comunicação no mundo. Vamos através delas combater essa desprezível gente diariamente. Vamos todo santo dia desmascará-la e, quando a hora chegar, não vamos deixar que dentre ela reste algum nem para lembrar sua triste história de traição à Nação Brasileira.
* Jose Mauricio de Barcellos ex Consultor Jurídico da CPRM-MME é advogado. Email.: bppconsultores@uol.com.br).
** Publicado originalmente no Diário do Brasil
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