MIRANDA SÁ
“Vejo o direito à greve essencial numa democracia e, por isso mesmo, contesto a sua banalização” (Miguel Sousa Tavares).
Impressiona-me
a convocação de uma greve por juízes. Para mal, uma verdadeira
execração, não se trata de um movimento a favor da Justiça, mas em favor
de privilégios corporativos que os beneficia.
Enquanto
os dicionários registram o verbete “greve” como substantivo feminino,
exprimindo a recusa coletiva do trabalho exigindo o cumprimento dos
direitos trabalhistas, melhoria de condições de produção, para evitar a
perda de benefícios e até para obter novos benefícios.
A
História capitula que a palavra vem do francês grève, relacionada à
Place de Grève, em Paris, que, próxima ao porto do Rio Sena, era o local
onde se reuniam estivadores e trabalhadores para discutir as condições
de trabalho, como também de desempregados.
Inspirados
por anarco-sindicalistas, ali nasceram os movimentos reivindicatórios
de paralização do trabalho, aguardando o atendimento total ou parcial
dos patrões, que se não viesse, eram interrompidos para evitar punições.
É
evidente que a cessação do cumprimento da Justiça não se enquadra na
definição nem na história das greves pelo mundo afora. Até por que os
magistrados e afins fazem parte da elite bem remunerada do funcionalismo
público.
Quando
estudante de Direito, ouvi uma piada da turma de esquerda (não era essa
esquerda populista de hoje) que punha na boca do líder soviético
Wladimir Lênin a frase “Advogados, nem os do partido…”. E se registrava
que ele, Lênin, era advogado…
No
Brasil cartorial, desde sempre, arrasta os grilhões do bacharelismo e a
magistratura sempre foi privilegiada. No Império e na República a
administração pública sempre criou vagas para advogados, como um estribo
de bonde, onde há sempre lugar para mais um…
Voltando
à greve dos juízes, lembro que nunca passou pela cabeça pelo menos de
um deles, fazer greve nos governos narcopopulistas do PT e seus
puxadinhos. A ausência dessas paralisações se estendia também a todo
movimento sindical, que cumpriu a uma antiga determinação doutrinária.
Veja-se
que a ocorrência de greves sempre foi e ainda é desconhecida nos países
comunistas, principalmente os que vivem sob regime ditatorial. Está nos
manuais do Partido a proibição, amenizada pela novilíngua “se fizerem
greves, os trabalhadores o farão contra si mesmos”. Isto está escrito,
com todas as letras, no “Dicionário do Pensamento Marxista” de
Bottomore.
Para
que servem, então, os sindicatos no sistema comunista? Nós vimos com
tristeza e revolta o que ocorreu nos governos lulopetistas: essas
entidades se multiplicaram por 10 mil para servirem aos pelegos de
caça-níqueis e trampolins eleitorais, desde que cumprissem as tarefas do
PT.
A
reforma trabalhista recente, felizmente, acabou com a famigerada
contribuição fascista para os sindicatos, cortando a subvenção que
atendia aos privilégios dos grupelhos que dominam o movimento sindical.
No
caso que nos chama atenção atualmente, a greve dos juízes, faremos uma
alerta estendida aos advogados que controlam a OAB. comprometidos
partidariamente: Não apequenem a Justiça; os primeiros obrigam-se a
respeitá-la; quanto aos outros, preservem-na como a galinha dos ovos de
ouro…
EXTRAÍDADEATRIBUNADAIMPRENSASINDICAL
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