MIRANDA SÁ
“A
ditadura perfeita terá a aparência da democracia, uma prisão sem muros
na qual os prisioneiros não sonharão sequer com a fuga” (George Orwell)
O
Muro é um marco para separar ou proteger propriedades sejam públicas ou
privadas, como um tipo de parede de estrutura alicerçada e sólida. Há
vários tipos de muro, mas os mais usados são os muros de arrimo nos
conglomerados urbanos e os muros de pedra solta nas regiões agrárias.
Dicionarizado,
o verbete muro é um substantivo masculino significando obras de
alvenaria que separa terrenos contíguos; sua etimologia é latina, múrus,
e sua vasta sinonímia abrange abrigo, cerca, defesa, muralha, murado,
proteção, tapume, etc.
Os
muros recordam alegrias, romantismo e tristezas. Lembro-me da minha
infância querida quando participando de um bando de crianças subindo nos
muros para colher abios, goiabas e mangas; o romantismo leva-me a
Cecília Meireles: “Pelos muros do seu peito/ durante inúteis vigílias/
desenhei meus sonhos de hera”.
Da
literatura, extraímos a coletânea de contos “O Muro”, do intelectual e
filósofo Jean Paul Sartre publicada em 1939, tendo como cenário a guerra
civil espanhola. Sartre enfoca individualidades espantadas e hesitantes
às vésperas da Segunda Guerra Mundial.
A
narrativa d’O Muro precedeu o controverso existencialismo, defendido
por Sartre sob forte influência do pensamento de Kierkegaard. Seu livro
“O Existencialismo é um Humanismo” estabeleceu uma forte discussão sobre
o sentido da vida através da liberdade incondicional e a
responsabilidade pessoal.
Hoje,
o Existencialismo está esquecido nos círculos acadêmicos brasileiros,
que pela sua baixa formação se preocupam mais com o “golpe do
impeachment” que derrubou a incompetente e corrupta Dilma Rousseff da
presidência da República.
Pouco
importa a “Universidade da Pátria Educadora” com a inclusão da
realidade concreta dos indivíduos por suas ações e forma de viver a
vida… Para que lembrar o pensamento filosófico se a falta de educação, o
desapego pela ética e a ideologia superada do stalinismo enchem os
balões com o gás da utopia?
O
“Muro” e o “Existencialismo” iluminaram o palco internacional quando a
Segunda Guerra Mundial terminou e não conquistou a paz. Foi apenas o fim
de uma Era e o começo da tensão entre as poderosas potências que
derrotaram o III Reich e desnudaram os crimes do nazi-fascismo.
Então
nasceu outro “muro”, o “Muro de Berlim”, uma muralha construída pela
URSS separando a capital alemã, Berlim, entre a Alemanha Democrática e a
Alemanha Comunista. Foi o símbolo da divisão do mundo e mostrou o temor
do stalinismo em permitir a livre escolha entre o capitalismo e o
comunismo.
O
Muro de Berlim foi construído na madrugada de 13 de agosto de 1961,
dele faziam parte 66,5 km de gradeamento metálico, 302 torres de
observação, 127 redes metálicas eletrificadas com alarme e 255 pistas de
corrida para ferozes cães de guarda. Diversas tentativas de fuga para o
ocidente provocaram a morte de 80 pessoas, 112 feridos e milhares
aprisionados.
Na
década de 1980, quando o regime comunista se esgotou, levando a URSS à
falência, surgiram dos dois lados de Berlim movimentos pela derrubada do
muro; e um dia, populares com marretas e outras ferramentas o
derrubaram. Sob seus escombros ficou enterrada a ideologia totalitária
soviética, que as viúvas de Stálin insistem em ressuscitar nos países
atrasados.
Os
herdeiros da implosão natural do centralismo, da indivisão do poder, da
destruição do pensamento individual, da extinção da família tradicional
e do policialismo inquisitorial, agrupam-se no Brasil em torno do PT e
seus puxadinhos, querendo trasladar a ditadura venezuelana dita
“socialista” para o Brasil.
Desprezo
os que seguem esta ideologia deturpada do bolivarianismo que reina na
Venezuela, a “ditadura perfeita terá a aparência da democracia, uma
prisão sem muros”. Fazem-no por má fé ou ignorância e abomino-os
lembrando Sartre: “Detesto as vítimas quando elas respeitam os seus
carrascos”.
EXTRAÍDADETRIBUNADAIMPRENSASINDICAL
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