Fonte: Juacy da Silva
Primeiro foram as substituições na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara Federal impedindo a aprovação do relatório que recomendava a autorização Legislativa para que viesse a ser processado. Esta manobra, também espúria, possibilitou a aprovação de um relatório que não recomendava a autorização das investigações.
Depois vieram as manobras através do pagamento de emendas parlamentares, totalizando mais de quatro bilhões de reais, garantindo votos importantes no plenário da Câmara, conforme ocorrido na última quarta feira.
Mesmo que Temer tenha saido vencedor com 263 votos, este total ficou aquém do que seus articuladores na Câmara imaginavam, entre 290 e 300 votos, número necessário para dar continuidade `a tramitação e aprovação de ouras propostas legislativas, como a da Reforma da Previdência, que dificilmente conseguirá aprovação na Câmara Federal.
Outro aspecto foi o “racha” em algumas bancadas importantes que pertencem `a base do governo, incluindo manifestações favoráveis a tramitação do processo que pedia autorização da Câmara para que Temer pudesse ser investigado pelo STF. Causou surpresa, por exemplo o fato de que líderes do PSDB e do PV, votassem contra o relatório favorável a Temer. A bancada do PSDB praticamente rachou ao meio,, inclusive dos doze deputados fedeerais do PSDB de SP,que seguem a orientação do Governador Alkimin, onze votaram contra Temer.
Depois de tantas traições na base aliada, alguns partidos que não ocupam cargos de primeiro escalão já estão se manifestando no sentido de exigir mais espaços , excluindo os infieis de seus postos, isto irá gerar, de um lado, um apetite fisiológico e de outro vai acirrar os ânimos entre parlamentares que pretendem continuar na base de um governo moribundo e outros que desejam pular for a do barco para não afundarem juntos com Temer, o PMDB, PSDB e DEM nas eleições de 2018.
Finalmente, esta foi uma vitória de Pirro,pois mais cedo ou mais tarde as investigações contra Temer, quer ele esteja no exercício da Presidência ou fora do cargo poderá e deverá ser investigado, julgado e com certeza condenado pelos crimes cometidos, incluindo corrupção, obstrução da justiça, formação de quadrilha,lavagem de dinheiro e tráfico de influência, como está acontecendo com ex detentores de cargos públicos como Lula, Eduardo Cunha , Sérgio Cabral, Silval Barbosa e mais de uma centena de deputados e senadores que ainda gozam de foro privilegiado e também estão sendo investigados por crimes de colarinho branco.
Um governo que a cada dia que passa se torna mais refém de parlamentares acusados de corrupção e ávidos por favores nada éticos, que não tem apoio concreto da maioria dos partidos políticos e que tem apenas 5% da opinião pública ao seu lado, é na verdade um governo moribundo, um cadaver insepulto, fétido com o passar do tempo.
Nesta análise cabe também uma reflexão sobre a composição da Câmara Federal em relação aos aspectos éticos, que não resta dúvida deixa a mesma em situação de baixa legitimidade como órgão julgador e de controle dos demais poderes e também como expressão da vontade popular.
Do total de 490 deputados que votaram a favor ou contra o relatório, ou seja, a favor ou contra Temer, nada menos do que 273 deputados, ou seja, 55,7% tem problemas com a Justiça, incluindo dezenas que estão sendo investigados na LAVA JATO ou outras denúncias de corrupção.
Dos 263 que votaram para livrar Temer de ser investigado, processado e condenado pelo STF nada menos do que 111 deputados, ou seja, 42,2% estão com problemas na justiça e dos 227 que votaram contra o Presidente,jactando-se de falar em nome do povo, da democracia, daliberdade, da transparência, nada menos do que 62 também estão as voltas com a Justiça e diversos são também investigados por corrupção.
Boa parte desses deputados, tanto os que estão a favor quanto contrários `as inestigações contra Temer por corrupção também faziam parte da famosa base dos governos Lula e Dilma, onde o PMDB e Temer eram sócios majoritários.
Curioso também é a ausência das massas que durante anos se manifestavam nas ruas empunhnando bandeiras e slogans como For a Dilma, Fora Lula, Fota PT , FOR A CORRUPTOS e quando um presidente éapanhado em gravações comprometedoras e seus principais auxiliaries e aliados no Congresso também estão sendo denunciados por corrupção, essas grandes massas estão ausentes, mudas de uma crise tão ou mais grave do que a ocorrida durante o processo de Impeachment de Dilma, de quem Temer foi sócio majoritário.
Juacy da Silva, professor universitário, mestre em sociologia, articulista e colaborador de jornais, sites e blogs
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