por Paulo Antônio Briguet.
1. Quando alguém diz que o bem e o mal não existem, ou que é preciso
deixar de lado "esse maniqueísmo" e "essa moral cristã", já sei de quem
se originou a conversa. Dele mesmo. O cara que deseja levar você para o
inferno começa sempre por afirmar que o inferno não existe.
2.
E, no entanto, o mal existe. Não só existe, como está solto no mundo. A
boa notícia é que nós temos uma maneira de se defender dele: o cultivo
da nossa própria consciência individual.
Ela é como um jardim,
que deve ser constantemente regado, podado, cuidado. Os dois modos que
você tem para cuidar deste jardim — que é você mesmo — são a cultura e a
religião.
No fundo, trata-se da mesma coisa: a grande literatura e a
tradição sagrada se equivalem a ponto de um escritor como Northrop Frye
sustentar que todas as obras da literatura ocidental — todas, sem
exceção — têm origem nos textos bíblicos. Mesmo Sade. Mesmo Nietzsche.
Mesmo Henry Miller.
3. O diabo não quer que você cultive o seu
próprio jardim. Ele quer você reduzido a um autômato, a um escravo
totalmente desprovido de imaginação. Porque o mal só triunfa quando a
maioria das pessoas não tem repertório intelectual para imaginá-lo. O
diabo não quer que você conheça a verdadeira história dos ditadores e
dos revolucionários (que frequentemente são a mesma pessoa).
4.
Os dois grandes males do mundo contemporâneo — o globalismo e o
socialismo — promovem o mal de maneira tão extrema e absoluta que se
tornam inimagináveis. Assassinato, aborto, eugenia, eutanásia, tráfico
de drogas, censura, destruição da família, ideologia de gênero, lavagem
cerebral das crianças e jovens, mentira midiática, ateísmo obrigatório,
relativismo moral, corrupção avassaladora — tudo é justificado em nome
da conquista e manutenção do poder por uma elite criminosa.
5.
Tudo que existe na realidade existiu antes na alta literatura ou nos
textos sagrados. Os genocídios do século 20 — que superam o de todos os
outros séculos somados — já estavam no Livro do Gênesis, nos Salmos, no
Livro do Apocalipse, na Divina Comédia, nos Lusíadas, em Hamlet, em
Macbeth, em Guerra e Paz, em Os Demônios, em Crime e Castigo, em The
Waste Land, em Mensagem, em Os Sertões, em Triste Fim de Policarpo
Quaresma, em O Processo, em Claro Enigma, em Admirável Mundo Novo, em
1984, em Os Rinocerontes, em Arquipélago Gulag...
6. O que está
acontecendo agora na Venezuela — e que as forças do mal desejam fazer
também no Brasil — é apenas uma repetição de processos revolucionários
que ocorreram na Rússia, na Alemanha, na China, no Leste Europeu, no
Camboja, em Cuba. Algo que já está em franco avanço na Europa e luta
para conquistar os Estados Unidos. É o governo mundial, a ditadura
internacional sonhada por Lênin, Hitler, Mao, Stálin e Trotsky. Esse
mundo pode ter dois nomes: Getsêmani ou Jardim das Aflições.
7.
Volto a dizer: só a cultura literária e a fé religiosa podem nos salvar
do mal absoluto. Cuidemos do jardim de nós mesmos, para que os fazedores
de deserto não venham a devastá-lo.
Fale com o colunista: avenidaparana @ folhadelondrina.com.br
extraídadepuggina.org
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