e outras quatro notas de Carlos Brickmann
Dia 21: o governador mineiro Fernando Pimentel, o último seguidor de Dilma, faria farta distribuição de Medalhas da Inconfidência. Faria: os governadores do Maranhão, Flávio Dino; do Acre, Tião Viana; e da Bahia, Rui Costa, não apareceram. Marieta Severo, Wagner Moura, Camila Pitanga e Gregório Duvivier, artistas petistas ativistas, não apareceram. Lula faltou à cerimônia. São amigos, mas sabem o que lhes convém.
Dia 24: a Procuradoria Geral da República pediu ao Superior Tribunal de Justiça que abrisse inquérito sobre Fernando Pimentel, em consequência das delações premiadas do pessoal da Odebrecht. Pouco depois, a Polícia Federal indiciou a jornalista Carolina Pimentel, esposa do governador, por participação em lavagem de dinheiro e crime eleitoral. O indiciamento teve base na Operação Acrônimo, que desde maio de 2015 investiga a possibilidade de tráfico de influência na liberação de empréstimos do BNDES e esquemas de lavagem de dinheiro em campanhas eleitorais.
E pensar que, não faz muito tempo, quando jorravam as benesses, o navio mal se aguentava com o peso de tantos obscuros habitantes do porão!
Há quem queira
É maldade dizer, entretanto, que todos os políticos
condecorados por Fernando Pimentel se esquivaram da homenagem. Os
petistas e o comunista Dino, sim. Mas Renan Calheiros Filho pegou sua
condecoração.
Bola com Dilma
A ex-presidente Dilma Rousseff sempre disse que nada tinha a
ver com a corrupção, e que tudo aquilo não era de seu conhecimento. Mas
a delação premiada de seu marqueteiro, João Santana, e de sua esposa e
sócia, Mônica Moura, é clara: ambos afirmam que Dilma, em 2014, sabia
dos pagamentos ilícitos para sua campanha. Santana diz que conversou com
Dilma, em maio de 2014, sobre repasses de verbas na caixa dois; Mônica
Moura diz que atrasos nos pagamentos foram tratados, por ordem de Dilma,
com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o tesoureiro da campanha,
Edinho Silva. Em conversa, completa Mônica, Dilma até quis saber se era
seguro utilizar uma conta no Exterior.Com a delação premiada de Santana e Mônica Moura, o problema de lavagem de dinheiro, caixa 2 e pagamento de propina como doação de campanha cai no colo da ex-presidente.
Lula x Moro
Por que a Polícia Federal e a Secretaria da Segurança do
Paraná teriam pedido que o depoimento de Lula perante o juiz Sérgio Moro
fosse adiado? A versão inicial, de que seria necessário mais tempo para
organizar a segurança, não é verossímil: o depoimento foi marcado por
Moro com 60 dias de antecedência. Quem não conseguiu planejar a
segurança de um depoimento em dois meses, de quantos precisará a mais
para organizar-se?Talvez a delação premiada do empresário Léo Pinheiro, da OAS, exija investigações complementares. Talvez. Mas Léo Pinheiro já tinha feito uma delação premiada, que o procurador Rodrigo Janot suspendeu, irritado com um vazamento. Será que, dela, ninguém tivesse investigado nada até hoje?
A única hipótese aceitável seria a de que alguma nova prova, sólida e substancial, esteja a ponto de ser concluída. Porque, se aceitarmos a tese de que o objetivo do adiamento é impedir que petistas de todo o Brasil se reúnam em Curitiba e tumultuem o julgamento, isso significará que o Estado brasileiro não tem poder sequer para garantir a Justiça. É mau.
Palocci e sua hora
O jornalista Marco Piva, da ala pensante petista, discorda
da nota desta coluna sobre o depoimento do ex-ministro Antonio Palocci.
Na íntegra:“Alô, Carlinhos! Anota aí: Palocci não traiu o PT. Não vai fazer delação, premiada nem sem prêmio, contra o partido, que já está bastante chamuscado. Publicamente, ele preparou as condições para ampliar o foco da operação em cima de outras empresas e instituições, no caso os bancos e alguns membros da Justiça, que estavam na moita até agora. Ele tem arquivado muito mais coisa que os 77 delatores da Odebrecht juntos.
“Nesse sentido, deu um trucaço no Moro, obrigando-o publicamente a ir atrás das informações. Se não fizer isso, o juiz será visto como alguém que está protegendo outros envolvidos na Lava Jato, cujos nomes ele e a PGR já sabiam faz tempo, mas ainda não haviam investigado (por qual motivo, não faço a menor ideia). Portanto, novos lances da operação.
“Prepare a coluna para tempos calientes. Muito chumbo gordo pela frente”.
extraídadecolunadeaugustonunesopiniaoveja
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