Lauro Jardim e Guilherme Amado - O Globo
Ao falar de Mantega, os delatores afirmam que era ele quem operava para o
grupo no BNDES. Portanto, eram através de tratativas diretamente com
Mantega que se negociavam os aportes ao grupo J&F. Os delatores
ressaltam, no entanto, que Mantega não pegava o dinheiro para si
próprio, mas sim para o partido.
Joesley disse aos procuradores que Luciano Coutinho, o presidente do
BNDES em quase toda a era petista, era duro nas negociações. Mas admite
que às vezes se reunia com Coutinho e parecia que Mantega, com quem
tratava de propinas para o PT, já antecipara os assuntos da JBS para
ele.
Palocci entrou em situação mais light. Joesley disse que o contratou
como consultor quando a JBS começou sua escalada. Mas, segundo ele,
Palocci atuava mais como uma espécie de "professor de política" ao
empresário então neófito entre os gigantes da indústria e da política.
Garantiu que Palocci nunca se meteu em seus pleitos ao BNDES — tarefa de
Mantega. Mas admitiu que o ex-ministro de Dilma e Lula pediu a ele
doação de campanha, via caixa dois. E o dinheiro, claro, foi dado.
Em relação a Lula, Joesley afirmou aos procuradores que não tinha
intimidade com o ex-presidente. Narrou, entretanto, um encontro com Lula
em que, preocupado, reclamou que as doações, no caixa um ou dois,
estavam atingindo cifras astronômicas. Já estariam chamando a atenção.
Segundo Joesley, Lula ficou quieto, nada falou e não esticou o assunto.
Em 2014, a JBS foi a maior doadora de campanha: R$ 366 milhões,
repassados a diversos partidos, de acordo com dados do TSE. Nesta
prestação de contas, claro, só aparece o dinheiro “por dentro”.
extraídaderota2014blogspot
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