editorial da Folha de São Paulo
Embora os escândalos de propinas e superfaturamento prevaleçam em
notoriedade, foi a gestão movida a interesses políticos e preconceitos
ideológicos que deu a principal contribuição para a derrocada da maior
empresa do país.
Preços artificialmente baixos da gasolina, empreguismo, políticas
nacionalistas e investimentos megalômanos, entre outros fatores,
conduziram a Petrobras à crise que culminou no assombroso prejuízo de R$ 36,9 bilhões contabilizado no quarto trimestre de 2015.
Mais de um ano depois, vislumbra-se agora uma recuperação mais sólida da
gigante estatal, que não se traduz somente no lucro de R$ 4,4 bilhões
nos três primeiros meses deste ano.
O balanço da companhia mostra substantiva redução de custos, tanto na parte administrativa quanto na extração de petróleo.
A produção avançou 7%, graças à maturação do conhecimento técnico na
área do pré-sal e do foco em investimentos nos campos mais promissores.
Ainda astronômica, a dívida de cerca de R$ 300 bilhões é hoje mais
administrável, levando-se em conta o aumento da capacidade de geração de
recursos da companhia. Cumpridas as metas fixadas para 2018, esta terá
condições de recuperar o selo de investimento seguro perdido há dois
anos.
Para tanto, a Petrobras promove um programa ambicioso de venda de ativos
considerados não estratégicos, que acumulou, até agora, US$ 13,6
bilhões (ou R$ 42,2 bilhões, pela cotação atual).
A empresa tem conseguido enfrentar os impactos da recessão, que provocou
queda no consumo interno de derivados —a contrapartida foi expressivo
aumento, de 72%, das vendas externas.
Decerto há muito ainda por fazer, sobretudo para evitar que a orientação
populista ressurja em tempos de bonança. O contraste entre as notícias
de agora e a experiência desastrosa dos anos anteriores, porém, não deve
deixar dúvida sobre o caminho para o futuro.
EXTRAÍDADEROTA2014BLOGSPOT
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