editorial do Estadão
Mais uma vez, a oposição dita de esquerda evidencia o seu parco respeito
pela democracia e pela ordem pública. Nos últimos dias, transformaram
Brasília num campo de batalha, dentro e fora do Congresso. Ontem, hordas
de manifestantes impuseram o caos na capital do País, fazendo
necessário que o presidente Michel Temer, a pedido do presidente da
Câmara dos Deputados, convocasse as Forças Armadas para a garantia da
lei e da ordem.
Contrários às reformas e ao governo federal, os manifestantes depredaram
prédios públicos, atearam fogo ao Ministério da Agricultura e ainda
tentaram invadir o Palácio do Planalto. Não vinham debater propostas ou
difundir argumentos, lá estavam para vandalizar. Como lembrou o ministro
da Defesa, “é inaceitável a baderna”. E os manifestantes fizeram muito
mais do que simples baderna. Impuseram o caos em Brasília.
O surpreendente é que esse tipo de vandalismo – basta ver as imagens
para se dar conta de que não havia qualquer intenção de manifestação
pacífica – é visto, por alguns grupos, como demonstração de força
política. Ora, trata-se justamente do oposto. Além de ferir os
princípios democráticos – o que por si só já assegura o caráter da
ilegitimidade desse tipo de atuação –, atos de vandalismo não têm apoio
na população. São pura e simples manifestação de um autoritarismo que
tenta impor pela violência suas posições. É por isso que devem receber
uma resposta policial condizente. Isso não é política, e sim caso de
polícia.
Os atos nas ruas de Brasília remetem a outros dois acontecimentos
recentes no Congresso Nacional, trazendo à tona a gravidade do mau
exemplo de alguns políticos.
Na terça-feira passada, estava prevista a leitura do parecer da reforma
trabalhista na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) no Senado Federal.
Trata-se de uma entre as várias etapas que compõem o processo
legislativo e asseguram, individualmente e no conjunto, que as propostas
sejam devidamente analisadas pelos parlamentares. Pois bem, o senador
Randolfe Rodrigues (Rede-AP), simplesmente por não concordar com a
reforma trabalhista, achou que podia impedir na marra a leitura do
relatório na CAE. Ao ver que faniquitos e fricotes não bastavam para
interromper os trabalhos da comissão, partiu literalmente para a briga
com o senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO). Só não houve pugilato por ter
surgido, em tempo hábil, quem contivesse os arroubos do bravo senador
Randolfe.
O lamentável episódio contou ainda com a participação dos senadores
petistas Lindbergh Farias e Gleisi Hoffmann, que evidenciaram
compartilhar com o senador da Rede do mesmo violento conceito a respeito
do que seja uma democracia. Mas isso não é novidade.
Como se não bastasse o mau exemplo dos traquinas senadores da oposição,
ontem deputados trocaram socos, empurrões e pontapés no plenário da
Câmara. A confusão foi generalizada e o deputado André Fufuca (PP-MA),
que presidia a sessão no momento, teve de recorrer ao auxílio de
seguranças da Câmara dos Deputados. Entre os deputados que acham que
vale tudo, também a violência, estava Alessandro Molon (Rede-RJ), que se
apresenta como bom moço e muito democrático.
Os dois episódios do Senado e da Câmara evidenciam como a base
parlamentar lulopetista entende o que é democracia. Além da canhestra
tentativa de barrar o avanço das reformas por meio da violência, querem
aproveitar a crise política para incendiar o País. É mais uma
irresponsabilidade a comprovar o seu completo desinteresse pela
realidade econômica e social do País. Os seus atos mostram que estão
interessados tão somente em promover o caos. No desespero em que se
encontra – desnorteada em seus princípios, desmoralizada em sua suposta
ética e com o seu líder, sr. Lula da Silva, cada vez mais próximo de
prestar contas à Justiça penal –, a oposição tenta lucrar com o
vandalismo e a violência.
O País atravessa um momento especialmente delicado, que deveria suscitar
responsabilidade em todos, também nos deputados e senadores que, em
tempos normais, talvez tenham se habituado a certa irreflexão. É hora de
um firme respeito pelo princípio democrático, com a plena consciência
do papel que o Congresso pode e deve ter na superação da crise. Menos
vandalismo e mais democracia.
extraídaderota2014blogspot
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