por Glauco Humai O Globo
Há no Brasil “donos” de Estados, coronéis de regiões e de cidades. Os
ciclos eleitorais perpetuam práticas, famílias e conveniências, tornando
privado aquilo que deveria ser público. As mesmas elites e os mesmos
sobrenomes se multiplicam e se perpetuam no poder, variando apenas os
cargos, profissionalizando a política.
Qual o interesse de um ‘político profissional’ se candidatar eleição
após eleição, estendendo isso a seus familiares e amigos, como que
criando feudos, cargos vitalícios? A exposição das entranhas da
República, como temos visto, mostra definitivamente que não é o espírito
público.
Toda média e generalização é injusta, então faço ressalva de que há
(embora poucos) políticos com espírito público, políticos que
conseguiram romper o sistema criado para perpetuar os mesmos grupos.
Todavia, são engolidos pela máquina, pelos esquemas, pelas manobras e
pelas leis e regimentos feitos para manutenção das oligarquias que
dominam o Brasil desde sempre.
O sistema eleitoral (e político) do pais é insustentável. As eleições se
tornaram muito caras e complexas. Vence quem tem mais dinheiro e/ ou
quem tem mais visibilidade na mídia.
Precisamos acabar com esse ciclo. É necessário inserir o Brasil
definitivamente no século XXI, simplificando o Estado, reorganizando
prioridades, desburocratizando os processos e modernizando as
instituições.
Precisamos de eficiência, responsabilidade e temporalidade. É necessário
resgatar o princípio de que cargos públicos (e políticos) são públicos;
e o público pode e deve participar. A sociedade tem que participar mais
da gestão pública, seja se elegendo, seja participando dos governos.
Cada cidadão deveria oferecer o que tem de melhor em termos de
conhecimento técnico ao país, quem sabe dar pelo menos dois anos de sua
vida para a gestão pública.
Para tanto, precisamos oxigenar o sistema atual. Vereadores, deputados e
senadores deveriam ter limite máximo de mandatos; prefeitos,
governadores e presidente não deveriam se reeleger.
A regra eleitoral deve equilibrar o acesso aos entrantes. Precisamos do
voto distrital. Não faz sentido um deputado estadual ou federal fazer
campanha em 853 municípios em Minas Gerais, por exemplo. A
representatividade se dilui, o custo é demasiadamente elevado (para não
dizer insustentável), o tempo se torna curto para cobrir tantos locais, o
debate de ideias se perde pela falta de foco.
Precisamos de um teto financeiro (baixo) para as campanhas, e os
candidatos não podem se utilizar de recursos próprios no processo. Não
podemos de forma alguma permitir eleições com lista fechada. Urge
democratizar o acesso aos cargos públicos, modernizar a gestão pública,
os pensamentos, e “desprofissionalizar a política”.
Estamos diante novamente de outra enorme crise política. Apurando-se as
denúncias e as comprovando, que siga o processo legal. Não podemos dar
brechas para voluntarismos e oportunismos. É necessário preservar as
instituições e cumprir a Constituição. Nós, lideranças empresariais,
temos um papel importante de dialogar e pressionar o Congresso e o
governo para que o Brasil não pare, pois agenda do país deve ser maior.
Glauco Humai é presidente da Associação Brasileira de Shopping Centers.
extraídaderota2014blogspot
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