, por Carlos Heitor Cony Folha de São Paulo
Assim como Lula afirmou que o tríplex de Guarujá (SP) tem 500 defeitos, podemos dizer que Lula tem 500 motivos para ser punido pela Justiça brasileira (e talvez internacional). Digamos que o tríplex tenha mesmo 500 defeitos, ainda que Lula tenha culpa em apenas metade das acusações feitas a ele.
É muita coisa, tanto na hipótese dos 500 como na metade dela.
Pessoalmente, não tenho condições nem vontade de acusá-lo, mas admito que ele está purgando 500 ou 250 razões para passar pelo que está passando. Contudo, lembro o direito romano, que estabelece: o réu é coisa sagrada ("res sacra reus"). Mesmo nos casos em que os criminosos são condenados à morte, a dignidade do preso deve ser respeitada pelos carrascos de circunstância.
Que, provados os crimes, Lula seja preso e pague a maior multa estipulada pela Justiça brasileira, mas não precisa ser odiado ou humilhado pela mídia e por grande parte da sociedade.
O divertido circo montado em Curitiba podia ser evitado. A própria Justiça determina que certos processos sejam sigilosos. Muitos brasileiros têm a certeza de que ele merece o que está passando.
O discutível mérito da vergonha que Lula está sofrendo servirá de advertência, no futuro, para que possíveis lulas não repitam os erros (ou crimes) de uma autoridade tão condenável. Na Operação Mãos Limpas, da Itália, o primeiro-ministro foi responsabilizado pelas Guerras Púnicas. Lula não deve ser condenado pelos 7x1 da Alemanha no último campeonato mundial. Nisso tudo, surgiu um juiz como Sergio Moro, que está lavando uma grande mancha na história nacional. Mas o maior crime de Lula foi ter escolhido Dilma Rousseff para sucedê-lo.
Citei acima um ditado latino. Citarei outro: "asinus asinum fricat" —um burro coça o outro (com o devido respeito)
extraídaderota2014blogspot
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