MIRANDA SÁ
“O que destrói a humanidade? Política, sem princípios; Prazer, sem compromisso; Riqueza sem trabalho; Sabedoria sem caráter…
(Mahatma Gandhi)
Anos
atrás me empolguei com o livro de Howard Fast intitulado “Compromisso”.
Um dos meus autores norte-americanos preferidos, Fast conta a história
de um jornalista impedido de publicar uma reportagem sobre a fome em
Bengala, na Índia, pela censura branca dos donos dos jornais.
Por
denunciar o colonialismo inglês atuando na Índia durante a 2ª guerra, o
repórter é perseguido e termina acusado de subversivo, sendo preso pelo
Comitê McCarthy a pedido do serviço secreto britânico, na época
policialesca que envergonha os EUA na História da Humanidade.
Compromisso
é um substantivo masculino que vem do latim, “compromissus”, particípio
passado do verbo “compromittere” que, por sua vez, se origina de
“promessa”, ou seja, “com promessa”.
Há,
em hebraico, ao menos duas palavras com a mesma raiz de Elohim, deus,
“aquele que se compromete e cumpre”, ambas expressando diretamente uma
promessa ou juramento.
A
primeira é alah, e diz respeito ao compromisso objetivo, à descrição do
que é acertado; e a segunda, davar, referindo-se à palavra emprenhada
para cumprimento de uma promessa tenha o promitente a consciência de
suas implicações ou não.
Nas
línguas neolatinas, a sinonímia de “compromisso” é riquíssima: além de
promessa escavaquei acordo, ajuste, combinação, convenção, contrato,
palavra, pacto, tratado, trato…
Compromisso
é uma obrigação que os políticos brasileiros não cumprem. De tal
maneira é o desprezo que os parlamentares sem o menor pudor descumprem
as suas promessas e rasgam os contratos, que provocam indignação e
revoltam a cidadania.
Será
uma injustiça, porém, limitar ao Poder Legislativo esta ignomínia. A
infâmia contamina a vida política nacional de cima para baixo, do
presidente da República aos prefeitos, passando pelos governadores. E
tem mais, o Poder Judiciário não escapa da perda de credibilidade, com
desembargadores e juízes que vendem sentenças.
Do
ponto de vista histórico, uma coisa é indiscutível: foi a pelegagem
lulopetista, quando chegou ao poder, que institucionalizou o desprezo
pelas obrigações contraídas. A começar pela traição ao programa do
próprio partido e a aliança com os 300 picaretas do Congresso.
A
expressão “ter um compromisso” nada significou para Lula da Silva e seu
poste, Dilma Rousseff quando exerceram a presidência da República. E
não somente isto: além de lavarem as mãos – como Pilatos – diante da
corrupção dos partidários, parceiros e aliados, participaram da
roubalheira com um cinismo de corar uma estátua de mármore.
A
triste constatação de um Brasil despojado dos valores éticos e morais, e
a total falta de compromissos dos dirigentes constitucionais nos levam a
crer na necessidade de passar uma borracha nas instituições para
recomeçar do zero…
Como
a esperança é a última que morre, daremos mais uma chance ao Poder
Judiciário (leia-se STF), para que assuma o compromisso de cumprir a
lei, punindo os empresários e políticos corruptos sejam quais forem, e a
qual partido pertençam ou sirvam.
Para
isto devemos revigorar o entusiasmo patriótico e voltar às ruas. Um
País contaminado pela corrupção, com as casas do Congresso conspurcadas,
o STF semi-partidarizado e a Presidência cercada pelos que querem
acabar com a Lava Jato não há outra saída: “Às ruas, povo brasileiro! ”
EXTRAÍDADETRIBUNADAIMPRENSA
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