RUY CASTRO FOLHA DE SP
Alguns jornalistas
americanos na Rio-2016 ficaram chocados com os biquínis e sungas dos
brasileiros nas praias e piscinas — para eles, reduzidos demais. É
mesmo? Bem, este é um assunto sobre o qual os EUA não podem legislar
fora do seu feudo. Enquanto o Brasil mantiver a soberania sobre as
virilhas nacionais, nossos rapazes e moças continuarão a se exibir como
quiserem.
Os EUA parecem ter um problema com o corpo humano. No
filme "Aconteceu Naquela Noite" (1934), de Frank Capra, Clark Gable ia
passar uma noite (perfeitamente inofensiva) com Claudette Colbert.
Quando se despiu para se deitar e surgiu na tela de peito nu, milhões de
pascácios americanos descobriram estarrecidos que Clark Gable não usava
camiseta sob a camisa social. E só então aderiram à prática, com o que a
indústria de camisetas como roupa de baixo quase faliu.
Em "O
Rei dos Reis" (1961), de Nicholas Ray, Jeffrey Hunter como Jesus Cristo
passa boa parte do filme pregado na cruz, em andrajos, de braços abertos
e com as axilas à mostra. A abundância de pelos no peito e debaixo dos
braços era inadmissível para as famílias americanas. Daí Jeffrey Hunter
sofreu uma depilação em regra e fez o Cristo mais glabro da história do
Novo Testamento.
Sem falar em "O Círculo do Medo" (1962), de J.
Lee Thompson, em que Robert Mitchum vive um vilão tão cruel quanto
assustador. Mas, em certo momento, ele é levado a uma delegacia,
ordenado a tirar a roupa, e o que se vê? Um homem sem calças e sem
camisa, fortíssimo, mas com uma cueca gigante que lhe sai quase dos
sovacos e vai até os joelhos. E, pior, de sapato e meias pretas. A
plateia brasileira tinha uma explosão de riso e lá se ia o pavor que
Mitchum despertava — porque, em 1962, já ninguém por aqui usaria tal
cueca.
Hoje, muito menos. Exceto, talvez, alguns jornalistas americanos.
EXTRAÍDADEAVARANDABLOGSPOT
0 comments:
Postar um comentário