EDITORIAL O GLOBO
Os efeitos jurídicos e políticos do petrolão são muito conhecidos. Estão no noticiário desde o primeiro semestre de 2014, quando a Operação Lava-Jato foi a campo. Aí está a desmoralização do PT, com a prisão de militantes de alto escalão — golpe sofrido pelo partido desde o mensalão — e, desta vez, com o ex-presidente Lula sendo alcançado pelas investigações, ao lado de sua criatura, Dilma. Sem considerar ilustres de partidos que foram aliados, em que se destaca o PMDB.
O impacto econômico ficaria visível num segundo momento. A começar pelas empresas atingidas, a maior delas a Petrobras, o grande filão escavado pelo esquema de corrupção lulopetista montado nela e conectado em outras companhias públicas (Eletronuclear, por exemplo). A Petrobras já abateu, no balanço referente a 2014, R$ 6,2 bilhões correspondentes a perdas com a corrupção.
É bem mais. Já houve, ainda, muitos bilhões contabilizados com sinal negativo, devido a projetos malfeitos, decorrentes de erros técnicos crassos cometidos em diretorias envolvidas no assalto à empresa.
Nas últimas semanas, tem ficado evidente o impacto do petrolão, e de políticas estatistas saídas da cartilha do lulopetismo, num segmento sensível da economia: o setor bancário, incluindo o público, e fundos de pensão de estatais.
Cada projeto mal formulado, cada desfalque precisam aparecer em balanços de empresas com capital aberto, algumas delas com ações no exterior. E os bancos que financiaram os projetos mal formulados têm de fazer provisões, tiradas do lucro ou do capital de acionistas, a fim de arcar com os prejuízos que deverão ser realizados. Caso os projetos não fiquem em pé.
Os bancos estatais são as primeiras vítimas, porque os governantes de turno os forçam a financiar empresas companheiras e empreendimentos arriscados, tocados por interesses políticos e fé ideológica
A Sete Brasil, uma empresa nascida do delírio estatizante de se usar a Petrobras e o pré-sal para fabricar no Brasil grandes plataformas — sonho típico da ditadura de Geisel —, é um grande foco de prejuízo em bancos, forçados a reforçar provisões para enfrentar o calote. Algumas instituições privadas — Bradesco, Itaú Unibanco, BTG, Santander — também não escaparam desta debacle específica do estatismo.
O Banco do Brasil empatou R$ 5 bilhões na famigerada Sete Brasil. Até a Caixa, voltada para o mercado imobiliário e infraestrutura, foi levada a colocar dinheiro no projeto — não por acaso, talvez tenha sido, no lulopetismo, o mais aparelhado dos bancos públicos. A Sete Brasil rendeu para a CEF uma perda de pelo menos R$ 1,6 bilhão.
Impactos da experiência arriscada do estatismo deixam marcas também no BNDES. A necessidade de elevar provisões foi uma das causas do primeiro prejuízo do banco, no primeiro semestre, em 13 anos (R$ 2,2 bilhões).
As provisões foram ampliadas em 500%, de janeiro a junho, em comparação com o mesmo período de 2015. Passaram de R$ 1,6 bilhão para R$ 9,6 bilhões.
Fundos de pensão de estatais, muitos deles convertidos em braço financeiro da CUT/PT, entraram no mesmo buraco negro. Era óbvio. O Funcef (Caixa), por exemplo, terminou com 17,6% da Sete Brasil, péssimo negócio para os funcionários do banco e o Tesouro, para onde será despachada parte do prejuízo. Esse mesmo enredo foi seguido na Previ (Banco do Brasil), e assim por diante. Isso sem considerar os desvios de dinheiro dos cotistas, patrocinados também pelo lulopetismo.
A lista de empresas provenientes de políticas contaminadas de ideologia formuladas no PT é extensa. Um caso é o da telefônica Oi, falida devido aos projetos delirantes de companheiros, e com repercussões idênticas: prejuízos em bancos públicos e fundos de estatais. Bem como aos acionistas dentro e fora do país.
O PT deve desejar que o tempo passe mais rápido, para tudo isso ficar distante no passado. Porém, essas marcas em empresas e no sistema financeiro, público e privado, permanecerão.
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