LEANDRO COLON FOLHA DE SP
Na tarde desta sexta-feira (26), Garibaldi assistia, solitário em uma cadeira do plenário do Senado, à segunda sessão de julgamento do impeachment de sua ex-chefe.
Ele votará pela cassação de Dilma. Questionado pela coluna sobre quantas vezes foi recebido por ela para um despacho no Planalto, o ex-ministro responde: "Nenhuma".
Segundo o senador, assuntos de sua pasta eram discutidos somente com Gleisi Hoffmann (PT-PR), então ministra da Casa Civil do governo Dilma e hoje senadora da tropa de choque anti-impeachment.
"Apesar do respeito que tenho pela Gleisi, você se sente mais prestigiado ao despachar com a presidente", diz Garibaldi. "Eu tenho uma frustração, não tenho raiva dela (Dilma). Quando encerrou meu período no governo, pensei que iria me chamar pessoalmente, mas ela me telefonou", relembra o ex-ministro.
Ele diz que vota pelo impeachment porque concorda com as acusações contra a petista, mas admite: "Há também o componente da frustração, o conjunto da obra".
Garibaldi aproveita a conversa para contar o que sempre quis falar a Dilma numa reunião de trabalho: "Gostaria de ter sugerido a ela uma ampla reforma da Previdência. Isso só poderia ser feito num despacho com a presidente, diretamente".
Ele é um dos seis senadores pró-impeachment que integraram o ministério de Dilma. Seis votos que poderiam ajudar a salvá-la diante de uma estimativa de placar entre 59 e 61 votos pela cassação — o mínimo exigido para o impeachment é de 54.
Dilma vai discursar no Senado na segunda (29) pela manhã. Garibaldi diz que a presença dela não deve mudar seu voto. "Eu poderia até votar contra o afastamento se ela tivesse me conquistado, me sensibilizado".
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