EDITORIAL GAZETA DO POVO - PR
O problema é que até o momento a sociedade não conhece de forma segura, e clara, a agenda de prioridades de Michel Temer.
O
julgamento do impeachment da presidente Dilma Rousseff começa hoje com a
expectativa de que o seu desfecho coloque fim à crise política. Acusada
de crime de responsabilidade, por flagrante violação à Lei de
Responsabilidade Fiscal, a petista já não reúne há muito tempo condições
de governar. Não só pela prática do crime em si, mas também por ter
conduzido de forma desastrosa as finanças públicas, descumprido
promessas de campanha e por ter sido incapaz de implantar o programa
para o qual foi eleita.
Até o momento 51 senadores declararam-se
favoráveis ao impeachment (número muito próximo do quórum mínimo
necessário de 54 votos para o afastamento definitivo da presidente), 19
contra, e outros 11 não se manifestaram. O governo interino, assim como a
grande maioria da sociedade brasileira, já dá como favas contadas o
impeachment de Dilma, uma chefe de Estado cuja agenda de campanha já não
serve mais a um país em profunda crise econômica.
Uma vez que o
Senado aprove o afastamento da petista, em sessão marcada para a próxima
quarta-feira (31), será a hora de o governo federal, o Congresso
Nacional e a sociedade definitivamente olharem para o futuro. Afinal, há
desafios enormes a serem enfrentados – o saneamento das contas públicas
mediante aprovação do ajuste fiscal e um programa de governo
consistente e com objetivos claros para ser cumprido nos próximos dois
anos.
O problema é que até o momento a sociedade não conhece de
forma segura, e clara, a agenda de prioridades de Michel Temer. Algumas
medidas fundamentais já vêm sendo apresentadas, como a proposta de
criação de um teto para os gastos públicos, e anunciadas, como a reforma
da Previdência, o que sinaliza claramente a preocupação com o
equilíbrio das contas públicas no longo prazo. Estímulos para
investimento em infraestrutura e um plano de privatizações são propostas
que também têm sido discutidas, embora precisem de um detalhamento
maior.
Para fazer isso, o peemedebista tem ao seu lado um quadro
de notáveis em sua equipe econômica, que possui grande credibilidade
perante o mercado. Essa confiança foi a responsável por acalmar o setor
produtivo e dar a esperança de que dias melhores virão. Contudo a lua de
mel de Temer com o mercado pode acabar se, assim que for encerrado o
julgamento do impeachment, não houver êxito no encaminhamento dessas
medidas dentro do Congresso Nacional.
Certamente o presidente irá
enfrentar toda a sorte de dificuldades políticas para a aprovação de
suas propostas. São temas complexos, que envolvem interesses de
diferentes setores da sociedade e que podem, se houver descuidos na
articulação política, novamente travar o país, o que impedirá a tão
esperada retomada econômica.
Para transpor tais obstáculos, Temer
deverá tentar criar verdadeiras alianças em busca do interesse público,
ao contrário do que fizeram seus antecessores petitas, que conquistavam
os votos dos parlamentares por meio da política fisiológica do
toma-lá-dá-cá. Para isso, o presidente terá de ter a coragem e a
habilidade de saber negociar com aqueles que ali estão apenas em prol de
interesses pessoais e mostrar a todos, políticos e sociedade, que
somente a aprovação das medidas que propõe poderá levar ao saneamento
das contas do governo no longo prazo e à retomada do investimento em
infraestrutura no país.
segunda-feira, 29 de agosto de 2016
O desafio depois do impeachment -
extraídadeavarandablogspot
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