EDITORIAL ZERO HORA
Só pode causar apreensão
entre os brasileiros preocupados com o combate à corrupção o embate
travado entre o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes
e o procurador-geral da República, Rodrigo Janot. O impasse, surgido a
partir de divergências em relação a um pacote de medidas anticorrupção
em análise pelo Congresso, foi potencializado pelo vazamento do que
seria uma pré-delação do executivo Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS,
na qual é citado o ministro Dias Toffoli, do STF. O mínimo que se espera
é total transparência no esclarecimento do caso, até agora bastante
obscuro.
Pelo que foi divulgado, a empreiteira, envolvida na
Lava-Jato, teria feito uma avaliação e indicado empresa especializada
para reparar um problema de infiltração em imóvel de propriedade do
ministro, que teria pago pelos serviços. O episódio tornado público não é
suficiente, por si mesmo, para justificar a veemência do contra-ataque
desferido pelo ministro Gilmar Mendes, que criticou o perfil de
justiceiros de procuradores que "se sentem onipotentes e decidem fazer
acerto de contas". Chegou a defender até mesmo a adoção de "freios" na
atuação de procuradores.
Da mesma forma, o procurador-geral se
equivoca ao apontar até mesmo um "estelionato delacional", alegando
desconhecer qualquer referência ao ministro do Supremo. E se contradiz
ao suspender as negociações de delação premiada com o responsável pela
OAS — medida inédita diante de todos os vazamentos já registrados desde o
início das investigações da Lava-Jato.
Assim como ocorre no caso
da lei, ninguém está acima da crítica, incluindo integrantes de poderes
e instituições públicas em geral. Disputas entre agentes do Estado,
assim como interesses corporativistas, não podem conduzir a Operação
Lava-Jato às mesmas dificuldades enfrentadas já na fase final pela sua
fonte de inspiração, a Mãos Limpas, deflagrada contra a máfia italiana
na década de 90 do século passado.
segunda-feira, 29 de agosto de 2016
Crise institucional -
extraídadeavarandablogspot
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