Jornalista Andrade Junior

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Risco de queda agora é real

Marcelo de Moraes - O Estado de São Paulo

Decisão de Cunha de autorizar o pedido de abertura do impeachment fragiliza ainda mais o governo petista já abalado pelo efeito das investigações da Operação Lava Jato, da Polícia Federal, e, sobretudo, pela gravíssima crise econômica.

Menos de um ano depois de assumir seu segundo mandato presidencial, Dilma Rousseff corre o risco real de ser retirada do Palácio do Planalto por conta de um processo de impeachment. A decisão tomada nesta quarta-feira, 2, pelo presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de autorizar o pedido de abertura do impeachment contra ela, fragiliza ainda mais o governo petista já abalado pelo efeito das investigações da Operação Lava Jato, da Polícia Federal, e, sobretudo, pela gravíssima crise econômica.
Com órgãos do governo e aliados envolvidos diretamente com acusações de corrupção, Dilma viu sua popularidade se desmanchar meteoricamente desde a posse em janeiro. Somando isso com o quadro de forte retração na economia, aumento sensível do desemprego e paralisia das ações do governo, o cenário ficou preparado para um desastre político. O que parecia ser uma tempestade perfeita já se transformou numa espécie de apocalipse do governo petista.
Embora negue, Cunha negociou até o último instante com governo e PT uma espécie de troca. Se ajudassem a salvar seu mandato, não aceitaria o pedido de impeachment. Não houve acordo e o presidente da Câmara, que luta desesperadamente para salvar a própria pela, decidiu disparar na direção da presidente.
A consequência imediata do pedido é a paralisia do governo. A partir de agora, Dilma e seus aliados vão se concentrar apenas em captar votos para barrar o impeachment. Com isso, também foi dada a largada para a nova temporada do balcão do toma lá dá cá do Congresso.
Mesmo ainda tendo a caneta na mão, esses votos são uma incógnita. O problema é que o peso da opinião pública é sempre muito relevante nessas discussões. Antiga máxima de Brasília diz que políticos até carregam a alça do caixão de um colega que caiu em desgraça. Mas jamais serão descerão à sepultura com ele. Foi assim com o senador Delcídio Amaral (PT-MS), que, na semana passada, precisou do apoio dos colegas no Senado para ter relaxado seu pedido de prisão pela Lava Jato. Líder do governo, popular e admirado pelos colegas, Delcídio viu até mesmo companheiros de partido votarem contra ele. Com a imensa pressão popular pela manutenção da prisão de Delcídio, a maioria dos senadores não quis correr risco de se desgastar.
Fragilizada politicamente e com baixíssimo apoio popular, Dilma terá agora o grande desafio de amarrar um amplo arco de alianças disposto a apoiar a manutenção do seu mandato. Sem nunca ter tido paciência para negociações desse tipo, precisará mais do que nunca convencer os parlamentares a lhe apoiarem. Afinal de contas, está nas mãos dessa turma o futuro de seu governo.
extraídaderota2014blogspot

 

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