Igor Gielow Folha
Antes de tudo, as condições da prisão do senador e do banqueiro André Esteves. O governo avalia que o ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, não autorizaria operação de tal impacto se a contrapartida não fosse forte o suficiente: não apenas o plano de fuga oferecido a Nestor Cerveró, mas também a possibilidade de que a revelação dele seja parte da negociação da delação premiada do ex-diretor da Área Internacional da Petrobras.
Especulada e negada há meses, a delação de Cerveró, que agora foi fechada, é um dos pesadelos do governismo e do petismo, mas não só, já que o ex-diretor era uma indicação sustentada pelo PMDB – mais especificamente, apesar das negativas, do grupo do presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), que oficialmente nega isso.
E há o senador preso. Delcídio, que adotou o “do” no sobrenome ano passado por dica de uma numeróloga, é um dos políticos com melhor trânsito na área de energia – foi rapidamente ministro do setor no governo Itamar Franco e ocupou a diretoria de Gás da Petrobras. Mais que isso, tinha pés em todas as canoas políticas relevantes.
Foi tucano e deixou o partido em 2001, aliando-se ao grupo do ex-governador Zeca do PT (MS). No Senado desde o início do governo Lula, em 2003, Delcídio ganhou fama de habilidoso operador político.
FARÁ DELAÇÃO PREMIADA?
Agora, tudo isso pode voltar-se contra ele. A ser confirmado tudo o que se diz nos meios judiciais em Brasília, Delcídio poderá se ver sem mandato e na cadeia por um bom tempo, o que levaria à questão da delação premiada.
Em um exercício de especulação, Delcídio poderia então falar sobre os meandros de diversas negociações potencialmente danosas ao governo e ao PT.
Ele foi, por exemplo, presidente da CPI dos Correios (2005), que investigou o mensalão – abundam insinuações, na oposição, de que ele ajudou a evitar a citação ao então presidente Luiz Inácio Lula da Silva no texto final do relator Osmar Serraglio (PMDB-PR). Ele sempre negou.
Além disso, Delcídio tinha a área internacional da Petrobras como uma de seus campos de influência na estatal, sendo co-patrocinador da indicação de Cerveró para a diretoria. Foi sob esta área que ocorreu a obscura compra da refinaria de Pasadena (EUA), em investigação na Lava Jato e que esbarra em decisões do Conselho de Administração da estatal, presidido então por Dilma Rousseff.
extraídadetribunadainternet
0 comments:
Postar um comentário