Carlos Chagas
Com trinta dias de atraso, a rede de televisão americana CNN divulgou
não propriamente uma entrevista, mas duas ou três respostas da
presidente Dilma a um de seus repórteres. O diálogo durou apenas cinco
minutos e a demora de sua divulgação dá bem a medida da importância que a
mídia nos Estados Unidos dá ao Brasil. Porque a gravação foi feita nos
dias em que Madame viajou para discursar na abertura da Assembleia Geral
das Nações Unidas. Aliás, seu pronunciamento mereceu simples registro
de três linhas num dos jornalões de Nova York. Nada mais.
Também, as respostas da presidente deixaram a desejar. Ela declarou
que a democracia brasileira é frágil, encontra-se na adolescência e há
falta de motivação entre os que defendem seu impeachment. Sustentou que
o governo dá todas as condições para as investigações sobre a
corrupção. Por último, enalteceu os governos dela e do Lula, “que
tiraram 36 milhões de brasileiros da extrema pobreza e que o Brasil
transformou-se num país da classe média”.
O diabo é que essas declarações foram ao ar um mês depois de
prestadas, período em que os fatos desmentiram as intenções. A crise
econômica acentuou-se e o desemprego em massa alcança 15 milhões de
trabalhadores. Ou mais, porque os métodos de cálculo dos institutos de
aferição sempre favorecem o governo. O displicente entrevistador perdeu
a oportunidade de referir-se à elevação dos impostos, taxas e tarifas, à
redução de direitos sociais,a falência de Estados e Municípios em meio à
inadimplência da União, a inflação crescente, a paralisação industrial e
a corrupção nas estruturas do poder público. Nenhum desses temas
interessa aos americanos, tanto aos meios de comunicação quanto aos seus
dirigentes políticos.
POUCA IMPORTÂNCIA
Tanto faz se o Brasil regrediu ou se sempre foi assim, mas a verdade
é que pouca importância se nos dá, lá do Hemisfério Norte. Continuam
dando preferência à divulgação do abandono da população indígena, a
proliferação de favelas e a violência urbana e rural que se avoluma.
Perdeu a presidente brasileira mais uma oportunidade de reagir ao
descaso universal a nós dedicado. Começa que nem precisaria ter viajado
às Nações Unidas para entoar a mesma cantilena de todos os anos, nos
tempos modernos inaugurada pelo então presidente João Figueiredo e
seguida pelos sucessores. Claro que precisamos manter relações cordiais
com os Estados Unidos e demais países desenvolvidos, mas a cada governo
brasileiro que entra o comportamento é o mesmo: subserviência e
desimportância. Especialmente quando fornecemos motivos para receber
esse tratamento.
extraídadatribunadainternet
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