por Rogério Gentile Folha de São Paulo
O PT reagiu às investigações sobre o filho de Lula com os mesmos
argumentos que usa sistematicamente desde o mensalão: é perseguição
política, é preconceito da elite contra o retirante que ousou governar o
Brasil, é o império do ódio, querem destruir o partido, temem que ele
volte etc.
Mas quem assinou a decisão que autorizou a operação da Polícia Federal?
Quem escreveu "tem razão o Ministério Público Federal ao afirmar ser
muito suspeito uma empresa de marketing esportivo receber valor tão
expressivo de uma empresa especializada em manter contatos com a
administração pública"?
A culpada por tal "heresia" é uma juíza que, para azar do PT e o seu
discurso da vitimização, tem afinidades ideológicas com a esquerda.
Célia Regina Ody Bernardes assinou em 2012 manifesto em favor da
instalação da Comissão da Verdade, criada por Dilma Rousseff. No texto, a
juíza defendeu, inclusive, a "determinação judicial de
responsabilidades", a despeito da Lei da Anistia.
Em 2014, a juíza também apoiou decreto da presidente Dilma que
regulamentou o funcionamento dos conselhos populares na administração
pública, chamados de "bolivarianos" pela oposição. Para a magistrada, o
decreto aprofundava "as práticas democráticas".
A juíza também subscreveu declaração pública rechaçando a "exploração
política" da morte do cinegrafista Santiago de Andrade (atingido por
black blocs em protesto no Rio), defendeu a desmilitarização das
polícias e protestou contra projeto que previa a redução da maioridade
penal –seu nome, neste último texto, aliás, aparece ao lado do de Rui
Falcão, o presidente do PT.
É possível que a juíza esteja equivocada ao desconfiar das transações do
filho do ex-presidente Lula, que tudo não passe de um grande engano e
que ele seja o homem mais honesto da face da terra.
Só não dá para dizer que o PT é vítima de um complô da direita.
extraídaderota2014blogspot
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