por Vinicius Mota Folha de São Paulo
Nos quase quatro anos compreendidos entre janeiro de 2012 e setembro de
2015, 187 pessoas foram assassinadas em Paris. Bastaram três horas na
última sexta-feira para oito facínoras islamitas elevarem em 70% aquela
cifra.
Homicídios se reduzem no mundo rico. Ao que consta pouco dependentes do
ciclo econômico e das características culturais de cada população, as
taxas de incidência desse crime declinam, seja na mais conflituosa e
armada sociedade dos Estados Unidos, seja na própria França.
O limite da queda parece próximo de ser atingido na Escandinávia. A
Suécia registrou 87 assassinatos em 2014, menos de um para cada grupo de
100 mil habitantes. As sociedades contemporâneas talvez encontrem ao
redor dessa marca algo como sua "taxa natural" de homicídios.
Assassinatos, de todo modo, tornam-se ocorrência cada vez menos
frequente, e em alguns casos quase exótica, nos países desenvolvidos.
Quando o grau de tolerância à violação do corpo tende a zero, o índice
civilizatório arranha o máximo.
O jihadismo espetaculoso concluiu que trazer de volta os banhos de
sangue para centros ultracivilizados como Paris, Nova York, Londres e
Madri é proveitoso para sua causa. O contraste entre tais massacres
esporádicos e um ambiente de proteção crescente à autonomia do indivíduo
desperta nos terroristas a esperança de causar um choque térmico capaz
de implodir o edifício cultural do Ocidente.
É um pensamento estúpido, que leva a ações estúpidas. Há quase 15 anos
celerados suicidas praticam, em nome de sua religião, carnificinas
periódicas em grandes cidades ocidentais. Não lograram alterar nem
sequer em um grau a marcha secular civilizatória dessas sociedades.
Ajudaram, na verdade, a fortalecer nesses países a convicção de que
alguns adversários do modo de vida ocidental não são dignos de diálogo
nem de compreensão.
extraídaderota2014blogspot
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