Contas Abertas
Cálculos da Associação Contas Abertas, ONG que busca estimular a
participação da sociedade no debate sobre as contas públicas, revelam
que os R$ 3,08 bilhões dariam ainda para construir 1.540 Unidades de
Pronto-Atendimento (UPAs) de porte II, com capacidade para atender 250
pacientes/dia (R$ 2 milhões/unidade), e outras 2.200 de porte I, para
até 150 pacientes/dia (R$ 1,4 milhão/unidade). Dariam ainda 870 escolas
com capacidade de 433 alunos por turno (R$ 3.537.430,84 cada unidade),
segundo Castelo Branco.
No comparativo da reportagem, tomando como base a Escola Estadual Romero
de Carvalho, em construção em Pedro Leopoldo, Grande BH, o montante da
propina daria para construir 628 unidades de ensino semelhantes (R$ 4,9
milhões/unidade). As unidades teriam dois prédios perpendiculares, com
três pavimentos no bloco um e dois pavimentos no bloco 2, composta por
dez salas de aulas, dois laboratórios de ciências, sala de línguas, sala
de informática, biblioteca, salas para a diretoria, supervisão e
professores; banheiros/vestiários para alunos, vestiários para
funcionários, cozinha, despensa, área de recreio, para circulação e
quadra poliesportiva, todos cobertos. O dinheiro seria suficiente para
levantar 1.621 creches para 160 crianças cada (R$ 1,9 milhão/unidade).
O dinheiro garantiria teto para R$ 27,3 mil famílias. Daria para
construir 90 conjuntos habitacionais (R$ 34,13 milhões/cada), com
apartamentos de dois ou três quartos. O valor tem como base o conjunto
habitacional em construção pelo PAC Ferrugem, em Contagem, Grande BH.
São 19 prédios de quatro pavimentos e 16 apartamentos cada, para atender
304 famílias.
Ao todo, os R$ 3,08 bilhões em propina paga a políticos por dois dos
maiores conglomerados empresariais do Brasil e do mundo, a JBS e a
Odebrecht, cujos executivos e ex-executivos fizeram delações na Operação
"Lava Jato", dariam para construir a Linha 3 subterrânea do metrô de
BH, ligando a Estação Lagoinha, no Centro, à Savassi, na Região
Centro-Sul, e ainda sobraria dinheiro. Também resolveria pela metade o
déficit habitacional de BH, que é de 56,4 mil moradias. A propina
garantiria 27,3 mil tetos.
De acordo com delações premiadas, os valores foram pagos a políticos em
troca de vantagens fiscais, aprovação de medidas provisórias que
favoreciam as empresas, entre outros interesses.
Os donos da JBS, os irmãos Joesley e Wesley Batista, disseram ter
entregue R$ 1,4 bilhão a 1.829 políticos de 28 partidos, em 214
repasses, conforme consta em 42 anexos apresentados pelos colaboradores.
Já as delações da Odebrecht dão conta R$ 1,68 bilhão para 26 partidos.
Os valores não incluem eventuais propinas de outras empresas
investigadas, como a Construtora UTC, Andrade Gutierrez e OAS. Algumas
mantinham setores para cuidar de vantagens indevidas, os chamados
"Departamentos de Propinas".
A Linha 3 do metrô é orçada em R$ 2,4 bilhões (R$ 490 milhões/km),
segundo a Secretaria de Estado de Transportes e Obras Públicas (Setop). O
valor inclui cinco estações nos 4,9 quilômetros do ramal, a Lagoinha,
Praça Sete, Palácio das Artes, Praça da Liberdade e Savassi.
Os R$ 3,08 bilhões garantiriam a reforma e ampliação dos 28,2
quilômetros de metrô de superfície já existentes, a Linha 1
(Eldorado/Vilarinho), orçadas em R$ 2,9 bilhões (R$ 100 milhões para
cada quilômetro). A Linha 1 ganharia mais 1,5 quilômetro, até o Novo
Eldorado, em Contagem, Grande BH.
Se a prioridade for o Barreiro, poderiam investir na Linha 2
(Barreiro/Nova Suíça). Os 10,5 quilômetros de metrô de superfície
previstos sairiam por R$ 1,6 bilhão (R$ 133 milhões/km).
BR-381
Os R$ 3,08 bilhões são nove vezes o orçamento de R$ 320 milhões
disponível neste ano para obras de duplicação de 308 quilômetros da
BR-381, da capital a Governador Valadares, Vale do Rio Doce. Os
trabalhos começaram em 2014 e andam a passos lentos, sem previsão de
término.
extraídaderota2014blogspot
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