por Rachel Landim
Tudo indica que o Supremo Tribunal Federal (STF) vai manter os
benefícios que Joesley Batista conseguiu em sua delação premiada.
Engana-se, no entanto, quem acha que ele recebeu um salvo-conduto da
corte.
Os magistrados apenas ganharam tempo, deixando para resolver a questão
no fim do processo, quando ficar claro se ele entregou o que prometeu e,
principalmente, se contou tudo que sabia.
O empresário - que disse ter corrompido mais de 1,8 mil políticos,
incluindo o presidente —venceu, portanto, apenas uma batalha na guerra
que trava contra Michel Temer.
Ao se manter no cargo mais alto da República, Temer detém uma arma
letal: poder. Em setembro, dará ao país mais uma amostra do que isso
significa ao indicar o novo procurador-geral da República (PGR).
Na prática, significa que, depois de escolher os juízes que o absolveram
no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Temer agora vai apontar também
seu acusador.
Cabe ao PGR decidir se denuncia ou não Joesley Batista, seu irmão Wesley
e os demais delatores por seus crimes. Rodrigo Janot decidiu deixá-los
impunes, porque achou que sua oferta muito atrativa, mas seu sucessor
pode ter outra opinião.
Só que para mudar o que já foi acertado, o novo PGR escolhido por Temer
vai precisar de uma razão contundente. Nada seria melhor do que
descobrir que os delatores não contaram toda a verdade.
Joesley Batista ainda tem 180 dias para completar sua delação e é
provável que surjam novos anexos, relatando outros crimes. Mas a
prudência aconselha a limpar as gavetas e vasculhar toda a memória.
Deslizes como esquecer uma reunião com o ex-presidente Lula e com o
ex-deputado Eduardo Cunha para tratar do impeachment de Dilma Rousseff
não serão perdoados por Temer e seus aliados. Se quiser ganhar a guerra,
Joesley Batista não pode poupar ninguém.
extraídaderota2014blogspot
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