Jornalista Andrade Junior

quinta-feira, 15 de junho de 2017

A APOLOGIA DA BARBÁRIE

por Diego Pessi.

 Acabo de ler na esgotosfera do facebook a seguinte pérola:
"Não é sem razão que o IDDD (Instituto de Defesa do Direito de Defesa) lançará no próximo dia 13/6 (terça-feira) a campanha “Encarceramento em massa não é Justiça”. De igual modo, o IBCCRIM (Instituto Brasileiro de Ciências Criminais), a Pastoral Carcerária Nacional – CNBB, a Associação Juízes para a Democracia (AJD) e o Centro de Estudos em Desigualdade e Discriminação (CEED/UnB) elaboraram 16 (dezesseis) propostas legislativas que buscam impactar a dinâmica sistêmica do encarceramento em massa no país."
Entenderam?
• No Brasil, CAMPEÃO MUNDIAL em mortes, com seus 60 mil homicídios por ano (11% dos crimes no planeta);
• No Brasil onde se mata mais do que na guerra na Síria;
• No Brasil onde, apenas entre 2000 e 2014, foram praticados cerca de 740 MIL HOMICÍDIOS;
• No Brasil onde NO MÁXIMO 8% dos homicídios resultam em denúncias, e onde cerca de 600 mil mandados de prisão se encontram pendentes de cumprimento, os cardeais da extrema-esquerda escalam um estagiário para anunciar a "boa nova": ENCARCERAMENTO É O PROBLEMA! O lema da campanha bem poderia ser: "MORREU FOI POUCO!"
Com todo respeito... AJD? IBCCrim? CNBB? WTF?! O que mais falta? Nardoni pontificando sobre os direitos da criança? Tiririca escrevendo ensaios sobre Camões? Ou palestras de um ex-presidente sobre probidade administrativa?
Claro que não se trata de mera burrice. A estupidez tem limites, a loucura não. Repito aqui trecho de uma postagem por mim feita em relação a caso semelhante (pra não dizer idêntico), ocorrido há bem pouco tempo:
'O ARRAIAL DE CANUDOS À JUMENTOCRACIA
'Da mesma forma que o geólogo interpretando a inclinação e a orientação dos estratos truncados de antigas formações esboça o perfil de uma montanha extinta, o historiador só pode avaliar a altitude daquele homem, que por si nada valeu, considerando a psicologia da sociedade que o criou. Isolado, ele se perde na turba de nevróticos vulgares. Pode ser incluído numa modalidade qualquer de psicose progressiva. Mas posto em função do meio, assombra. É uma diátese e é uma síntese. As fases singulares da sua existência não são, talvez, períodos sucessivos de uma moléstia grave, mas são, com certeza, resumo abreviado dos aspectos predominantes de mal social gravíssimo. Por isto o infeliz destinado à solicitude dos médicos veio, impelido por uma potência superior, bater de encontro a uma civilização , indo para a história como poderia ter ido para o hospício'.
Assim Euclides da Cunha descreveu Antônio Conselheiro, líder messiânico do Arraial de Canudos, protagonista de uma das mais cruentas páginas da história da incipiente (e, diria eu, insipiente) república brasileira. Passado mais de um século desde a publicação do clássico "Os Sertões", sirvo-me da pena de seu autor ante a constatação de que nos dias de hoje, como então, o meio social brasileiro se presta ao florescimento de tipos caricatos (gnósticos broncos, na definição de Euclides), cuja degenerescência intelectual e fragilidade de consciência parecem nutrir-se da própria decomposição do ambiente cultural a que pertencem.
Personalidades saprófagas, de perfil paranoide, que desconhecem até mesmo as origens de suas próprias crenças e se apegam, com fervor religioso, a um pequeno punhado de certezas malformadas, rechaçando histericamente tudo aquilo que se lhes afigure uma ameaça. Por frágeis, cumprem à risca a máxima "Asinum asinus fricat", buscando na confirmação de seus pares aquilo que a razão lhes sonegou e apelando à própria ignorância como fonte insofismável de autoridade intelectual ("se eu não conheço, é porque não existe, é mentira ou está errado).
A esta altura você já deve ter notado que estamos descrevendo uma "jumentocracia": saber menos é mais, pois hão de triunfar todos aqueles cuja estreiteza mental não lhes permita divisar nada além de uma lista de dogmas introjetados em suas cabeças a golpes de formão e palavras de ordem. Se o Conselheiro trazia, num surrão de couro, "papel, pena e tinta, a Missão abreviada e as Horas marianas", os fanáticos de hoje trazem na ponta da língua um arsenal de palavras-gatilho ("punitivismo", "opressão" "desencarceramento", "senso comum", "estado de alarme", "seletividade", "populismo penal"), cuja simples menção - acreditam - lhes confere uma espécie de onisciência fácil, catapultando-os ao Olimpo da pureza espiritual e das boas intenções (são as Paquitas do garantismo penal).'
Acrescento: esse tipo de loucura (ideológica) é temível. Tão temível quanto a coalizão obscura entre padres de passeata, vampiros de honorários e apologistas da barbárie. Todos têm as mãos sujas de sangue inocente. Não merecem qualquer respeito. Quem viver (se viver) verá!
































extraídadepuggina.org

0 comments:

Postar um comentário

Twitter Delicious Facebook Digg Stumbleupon Favorites More