Jornalista Andrade Junior

domingo, 25 de junho de 2017

Quem operou mais? Palocci ou Mantega

Germano Oliveira - IstoE

Bastaram os investigadores da Lava Jato aprofundarem levantamentos sobre operações financeiras que envolvem escândalos com caixa dois, propinas em obras da Petrobras, pagamentos de subornos da Odebrecht e dinheiro sujo da JBS, que logo surgiu dois operadores dos recursos ilegais arrecadados pelo PT: os ex-ministros da Fazenda Antonio Palocci e Guido Mantega.
Pelos relatos dos delatores ao Ministério Público, é até difícil saber qual dos dois operou mais. Por enquanto, quem ganha a disputa é Palocci, que está preso em Curitiba e deve ser condenado nos próximos dias pelo juiz Sergio Moro. Já Mantega, teve a prisão decretada por Moro na manhã do dia 22 de setembro do ano passado, mas a medida foi revogada quatro horas depois, quando o magistrado soube que ele acompanhava a mulher em tratamento contra um câncer no Hospital Albert Einstein.
De acordo com o que o MPF já descobriu sobre o envolvimento de Mantega, citado como coletor das propinas pagas pela JBS, depois de empréstimos milionários do BNDES ao grupo de Joesley Batista, o ex-ministro da Fazenda mais longevo do País pode ter sua situação judicial agravada. Em fogo amigo, o que mais implica Mantega hoje é o próprio Palocci, que em sua defesa prévia à Justiça jogou tudo nas costas de Mantega. Palocci afirmou que foi Mantega quem pedia propinas à Odebrecht. Fontes da Justiça não descartam que ele pode ter a prisão decretada novamente a qualquer momento.
De acordo com a delação premiada de Marcelo Odebrecht, o primeiro grande operador das contas do PT com a empreiteira foi Palocci. De 2008 a 2014, a Odebrecht deu R$ 133,5 milhões ao PT, tendo Palocci como operador. Esperava-se que o ex-ministro fizesse acordo de delação premiada e explicasse sua atuação na administração do dinheiro recebido como propina da empreiteira.
Marcelo já confessou ao juiz Moro que Palocci era seu interlocutor no PT para o pagamento de propinas de obras superfaturadas na Petrobras. O empreiteiro disse que só na campanha de 2014 para a reeleição de Dilma, a empresa deu R$ 300 milhões, sempre tendo o ex-ministro como intermediário. Em depoimento a Moro, o empresário disse que os recursos ficavam no “departamento de propina” da companhia na sigla “Italiano”, como Palocci era identificado. Mantega era identificado como “Pós-Itália”.
Em 2009, contudo, o operador do PT mudou. O então ministro Mantega pediu a Marcelo uma propina de R$ 50 milhões em troca da liberação de uma emenda de Refis para a Braskem, do grupo Odebrecht. Na delação do empresário Joesley Batista também é o ex-ministro Mantega quem aparece o tempo todo como intermediário da JBS na negociação de propinas para o PT, Lula e Dilma.
Em seu depoimento à PGR em maio, Joesley disse que depositou US$ 150 milhões no exterior mediante orientações de Mantega. O montante foi repassado para a campanha da ex-presidente Dilma Rousseff, de acorco com o mesmo relato. Esse dinheiro, ainda segundo Joesley, era resultado de propinas pagas ao PT como contrapartida aos empréstimos milionários obtidos junto ao BNDES.
Ao MPF, Joesley disse que o primeiro contato com Mantega aconteceu em 2005, quando ele assumiu a presidência do BNDES. Meses depois, a Friboi obteve US$ 80 milhões para a compra da argentina Swift. Em depoimento à PF na quarta-feira 21, Joesley disse que emprestou US$ 5 milhões para o filho de Mantega, dono da empresa Pedala Equipamentos, que quebrou e ele não recebeu o dinheiro de volta.
Joesley confirmou que depositou US$ 20 milhões em uma conta indicada por Mantega no exterior. Mantega exigia 4% em propina dos contratos com o BNDES. Joesley afirmou ainda que deu R$ 2 milhões para Palocci em 2009 à título de consultorias pela Projeto. Em troca, Palocci e Mantega abriam as portas do governo para a JBS. Uma mão lava a outra.
Fogo amigo
 Em suas alegações finais endereçadas à Justiça, Palocci jogou nas costas do colega Mantega toda responsabilidade por pagamentos ilegais feitos na Suíça pela Odebrecht ao marqueteiro João Santana
 O ex-ministro garante que os valores que constam na planilha “Italiano”, apreendida na Odebrecht não eram destinados a ele, mas ao PT. Palocci disse que, após deixar o governo, as propinas passaram a ser geridas por Mantega
 A conta do PT na Odebrecht chegou a ter R$ 200 milhões. O dinheiro estava com os codinomes de “Italiano” (Palocci), “Amigo” (Lula) e “Pós-Itália (Mantega). Marcelo Odebrecht disse que R$ 40 milhões eram de Lula, mas o dinheiro era sacado com autorização de Palocci




















extraídaderota2014blogspot

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