SUELY CALDAS ESTADÃO
Nos últimos anos Previ (do Banco do Brasil), Petros (Petrobrás), Funcef (Caixa Econômica) e Postalis (Correios) acumularam rombos que, somados, chegam à incrível cifra de R$ 53 bilhões. Maiores do País, os quatro reúnem 315 mil participantes e, nos casos da Funcef e do Postalis, os funcionários ativos e aposentados da Caixa e dos Correios tiveram o salário mensal reduzido para cobrir o rombo. O próximo será o Petros. No enredo dessa história, não só a Previc (responsável pela fiscalização direta e subordinada ao ministro da Previdência) e a Comissão de Valores Mobiliários, que supervisiona operações financeiras, foram ausentes ou fizeram vista grossa nas operações fraudulentas. As centrais sindicais e os sindicatos de trabalhadores dessas empresas, que deveriam estar nas ruas protestando e cobrando das diretorias dos fundos, se calaram, deixaram os filiados ao relento. E por quê?
Simplesmente porque são parte envolvida, interessada e responsável pelo descalabro. Pelas regras atuais, metade da diretoria é indicada pela empresa patrocinadora e metade pelos sindicatos que representam trabalhadores da estatal. Portanto, dirigentes sindicais são também responsáveis pelas fraudes, o que levou alguns deles para a cadeia na Operação Greenfield. Seria descarado alegar que desconheciam o risco, porque os negócios já estavam bichados quando consumados, entre eles a compra de papéis das dívidas da Venezuela e da Argentina (esta em pleno calote) pelo Postalis ou o investimento em debêntures da Universidade Gama Filho, que pouco tempo depois fechou as portas e deixou milhares de estudantes sem diploma. Petros, Funcef e Previ perderam R$ 3,3 bilhões na aventura da Sete Brasil – empresa que forneceria sondas para a Petrobrás e está em recuperação judicial.
Já em 2003, início do governo Lula, três dos fundos investigados foram entregues a sindicalistas filiados ao Partido dos Trabalhadores (PT) e originários do Sindicato dos Bancários de São Paulo, na época dirigido por João Vaccari Neto, outro petista preso na Operação Lava Jato. Sergio Rosa, que prestou depoimento à PF esta semana, virou presidente do Previ; para a Funcef foi Guilherme Lacerda, preso há dias no Espírito Santo; e Wagner Pinheiro para o Petros. Os três atuavam juntos e concebiam ações de ajuda ao PT com o dinheiro dos fundos, como a ideia (que não foi adiante) de criar uma cooperativa habitacional ligada à Prefeitura de São Paulo, na época ocupada pela então petista Marta Suplicy, no modelo da Cooperativa dos Bancários dirigida por Vaccari Neto.
O Senado já aprovou, mas as centrais sindicais conseguiram empacar sua tramitação na Câmara dos Deputados, projeto que tenta profissionalizar a gestão e dificultar a nomeação de políticos e dirigentes sindicais para o comando desses fundos. É um avanço, mas o projeto falha ao não endurecer na fiscalização. Um meio eficaz para frear dirigentes desonestos seria obrigar a Previc a pôr à disposição na internet os resultados financeiros de cada um deles, abrindo a chance para trabalhadores e aposentados das empresas fiscalizarem diretamente o patrimônio que lhes pertence.
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