EDITORIAL ZERO HORA - RS
A Operação Lava-Jato,
que investiga o maior esquema de desvios de recursos públicos da
história do país, chegou ontem ao seu ponto culminante com a
apresentação de denúncia formal contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula
da Silva, sua mulher Marisa Letícia e mais seis pessoas, por corrupção,
lavagem de dinheiro e recebimento de propinas. O alvo principal da
denúncia é o ex-presidente Lula, apontado pelo porta-voz da força-tarefa
da Lava-Jato, Deltan Dallagnol, como "comandante máximo do esquema
criminoso" e "maestro da grande orquestra concatenada para saquear a
Petrobras e outros órgãos públicos".
A denúncia é bombástica e
certamente terá repercussão internacional, uma vez que Lula ainda é
reconhecido como o operário que se tornou presidente e promoveu mudanças
sociais históricas no Brasil. Mas as provas e indícios levantados ao
longo da investigação não deixam dúvidas de que o político mais popular
do país tem muitas explicações a dar à Justiça. Oportunidades para se
defender não faltarão, pois o processo está sendo acompanhado com lupa
pelo STF e por todo o Brasil. Oficialmente, ele está sendo acusado de
receber propinas da empreiteira OAS, de forma indireta, por meio do
triplex do Guarujá, cuja propriedade nega, pelas reformas do sítio de
Atibaia e pelo custeio do depósito de seus bens. Porém, a sua
participação no esquema criminoso, segundo o MP, é bem mais ampla: Lula é
apontado como cabeça do conceito de governo que os procuradores definem
como "propinocracia", baseado em três pontos: governabilidade
corrompida, perpetuação criminosa e enriquecimento ilícito de seus
integrantes.
De acordo com o minucioso levantamento de dados e
testemunhos apresentado pelos investigadores, o Partido dos
Trabalhadores comandava um núcleo político, integrado também pelo PMDB e
pelo PP, que subtraía recursos públicos com a cumplicidade de
servidores graduados e de empresários que prestavam serviços ao governo.
No centro deste núcleo, segundo os denunciantes, sempre esteve Lula,
que tinha poder, prestígio e influência para gerenciar cargos nas
estatais e negociar com as empresas, ainda que por intermediários.
Os
valores divulgados pelos procuradores são estratosféricos. Lula está
sendo acusado de ter recebido indevidamente R$ 3,7 milhões, mas o total
de propina pago no petrolão teria atingido R$ 6,2 bilhões e o prejuízo
da estatal é estimado em R$ 42 bilhões. Significa que muito ainda
precisa ser apurado e que todos os responsáveis pela roubalheira têm que
ser punidos para que os brasileiros se sintam minimamente desagravados
por terem sido vítimas de tanta infâmia.
O Partido dos
Trabalhadores e seus aliados nos últimos governos saem fortemente
chamuscados das denúncias apresentadas ontem, pois são apontados como
beneficiários das propinas pagas pelas empresas detentoras de contratos
públicos, de modo a se manterem como maioria política no comando do país
e a garantir a perpetuação do esquema no poder.
Independentemente
de quem for efetivamente responsabilizado pelos crimes apontados, o
Brasil não pode mais tolerar essa indignidade apelidada de
propinocracia.
extraídadeavarandablogspot




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