MIRANDA SÁ -
“A casa caiu/ Porque eu vacilei/ Como pude errar tanto assim, dancei”
(Claudemir / Diney / M.indio)
Um
dos mais encantadores contos de fada do genial dinamarquês Hans
Christian Andersen, “A roupa nova do imperador” enfoca a vaidade
palaciana no exercício do poder e a soberba intelectual do mandatário.
Li quando era menino (o título era “O Rei está nu”) e, mais tarde, sem
tirar o valor de Andersen, descobri que ele se inspirou no Livro dos
Exemplos, coletânea espanhola de contos morais.
O
“Livro dos Exemplos” foi publicado em 1348 e “A roupa nova do
imperador” em 1837; ambos trazem a curiosa história do conluio de
alfaiates e tecelões vigaristas para persuadir o rei a comprar-lhes uma
roupa invisível.
Levado
pela frivolidade o rei se iludiu com a idéia. Com mungangas e trejeitos
os trapaceiros executaram a farsa de vesti-lo e ele saiu despido pelas
ruas. Antes, os áulicos e cortesãos distribuíram mortadela e tubaína
para a massa aceitá-lo e aplaudi-lo, e houve uma festa na exibição da
roupa nova do rei, até que uma criança inocente e honesta como toda
criança, gritou: “O rei está nu!” e a casa caiu…
Também
festivamente assistimos na pantomima política brasileira o strip-tease
de Lula da Silva, sobre a qual me atrevo a parodiar Carlos Drummond de
Andrade: “Há uma distinção óbvia entre o nu da moda e o nu da
corrupção”…
Despindo-se
do fingimento após enganar por algum tempo vestido de salvador da
Pátria, louvado pela propaganda massiva e os livros de doutrinação do
PT-governo, Lula não mais cobre a nudez impudica da corrupção.
Strip-tease
em inglês quer dizer literalmente “provocação ao se despir”. Indica uma
dança sensual de origem discutida pelos historiadores. Uns dizem que
tem mais de 200 anos, exibido no teatro burlesco europeu; outros dão até
o nome da inventora, a comediante Mae Dix, que se exibindo no bar
National Winter Garden de Nova Irque, tirou a gola da blusa que a
incomodava e, recebendo estrondosos aplausos, desfei-se dos punhos e
atreveu-se a desabotoar o vestido.
O
strip-tease foi considerado imoral e proibido nos Estados Unidos em
certo período de conservadorismo, coisa inconcebível numa democracia
liberal… O strip-tease ‘à brasileira’ foi ao palco das investigações do
Fisco, da Polícia Federal e do Ministério Público.
As
peças da armação para enriquecer os comparsas de Lula e a ele próprio,
foram caindo uma a uma. A primeira, do Mensalão, desnudou um pouco, e
ante a aclamação pública despojou-se outra parte, o Petrolão. A
extraordinária ovação popular trouxe agora o despir da Operação Zelotes.
A
Zelotes desvendou uma porção mais lúbrica do que as anteriores. Mostrou
o CARF e o despojo de R$ 40 bilhões subtraídos dos cofres públicos. Os
strippers receberam favorecimentos dos devedores do Fisco, grandes
empresas como Ford e Mitsubishi; os bancos Bradesco, Santander, Safra e
Bank Boston, a Gerdau e a Petrobras.
“Consultores”
e lobistas chegados ao poder compravam sentenças, conseguindo com os
conselheiros do CARF reduções imorais das multas. Entre os suspeitos
investigados, gente ligada a Lula; os ex-ministros petistas Erenice
Guerra e Gilberto Carvalho e o seu filho caçula, Luís Cláudio Lula da
Silva.
É
assim que Lula se despe do mito que os fraudulentos tecelões e
alfaiates da USP criaram. Ele dança sacudindo-se com a percussão das
denúncias, cujos tambores ecoam por todo País, deixando o povão, até
então alheado, de olhos abertos: “O Pelegão está Nu!”
EXTRAÍDADETRIBUNADAIMPRENSAONLINE





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